Estratégia de João Campos para o segundo turno é mobilizar a base e ir às ruas

Diego Nigro/ Frente Popular do Recife
Adisputa pela Prefeitura do Recife no segundo turno promete ser acirrada entre João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT), que obtiveram 29,17% e 27,95% dos votos no pleito. Com isso, eles  já estão se articulando na rua e internamente para garantir o voto dos 42% do eleitorado recifense que votou em candidatos da direita. Uma das preocupações da cúpula socialista é que o exército de apoios que a Frente Popular de João Campos conquistou acabe sendo desmobilizada no segundo turno. Para evitar o movimento, a ideia é manter a proximidade com os aliados e ir às ruas.

Para isso, João Campos seguiu com a agenda de rua no Alto José do Pinho e também se reuniu com os presidentes dos partidos aliados, ontem. Participaram do encontro com os dirigentes partidários o presidente do Solidaridede, Augusto Coutinho; do PSD, André de Paula; do Republicanos, Silvio Costa Filho, e do PSB, Sileno Guedes. Pelo PCdoB, o deputado federal Renildo Calheiros esteve presente. “Todos (os aliados) vão cumprir o seu dever. Os partidos que tiveram chapa vão mobilizar os seus vereadores e os demais vão mobilizar seus movimentos sociais e lideranças. Não tivemos chapa de vereador, mas temos militância e vamos organizar uma reunião com João”, avaliou André de Paula.

“Ele procurou ouvir os presidentes dos partidos e pedir engajamento. Todos estão motivados para garantir a tropa nas ruas nos próximos dias”, garantiu Coutinho.Já o deputado federal Tadeu Alencar (PSB) afirmou que as estratégias que levaram João ao segundo turno na primeira colocação serão mantidas e que o voto dos eleitores conservadores do Recife pode migrar para ele, pois o “desejo de ajuste” ainda é mais forte do que “uma mudança radical” de gestão. “Uma parte vai reagir de modo a anular ou votar em branco ou não ir. Quem votar vai fazer uma escolha e penso que a característica própria é de que não esteja querendo uma mudança tão radical”, avaliou.

Análise

Na concepção do cientista político Alex Ribeiro, João  vai tentar garantir os votos daqueles que têm aversão ao PT. No entanto, Ribeiro explicou que o grande desafio é utilizar instrumentos que atraiam este eleitor. “Não seria surpresa o PSB vincular o PT a esquemas de corrupção. Uma estratégia parecida com partido de centro, de direita ou até de bolsonaristas. Vale lembrar que o PSB é vinculado ao PT pelo eleitorado conservador. Este grupo trata os dois partidos como aliados”, diz.

Já a cientista política Priscila Lapa alerta que o socialista não mostrava um bom desempenho entre o eleitorado mais velho e de maior escolaridade nas pesquisas de primeiro turno. “Precisa se comunicar com eles, mostrando que é a renovação de um projeto político que teve erros, mas também teve conquistas. Tem, por outro lado, que conquistar o anti-PT claramente posicionado, onde quer que ele esteja, mostrando as diferenças entre os dois projetos”, ressaltou.

O cientista político Elton Gomes avalia que o eleitorado busca, nas eleições municipais, um candidato com capacidade de gestão e olham a disputa com mais pragmatismo. “É preciso apresentar uma agenda concreta e exequível. Vimos o discurso da anti-política e do outsider se esvair nessas eleições e os cidadãos querem gestão e pragmatismo”, avalia.

FOLHAPE