TCU arquiva pedido de apuração sobre eventual uso de recursos públicos na viagem de Weintraub para os EUA

Weintraub usou passaporte diplomático após ter pedido demissão do cargo

Laís Lis
G1

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu nesta quarta-feira, dia 9, arquivar pedido de apuração do possível uso de recursos públicos na viagem do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub para os Estados Unidos e encaminhar ao Ministério Público a averiguação do uso do passaporte diplomático depois que ele já havia deixado o cargo.

No voto que arquivou o processo, a ministra Ana Arraes informou que a área técnica do TCU não encontrou indícios de uso de recursos públicos para custear a viagem do ex-ministro, “seja para a emissão das passagens aéreas, seja por meio da utilização de aeronaves da FAB [Força Aérea Brasileira]”.

DECRETO – Weintraub anunciou a demissão do cargo no dia 18 de junho, mas a exoneração dele só foi publicada no “Diário Oficial da União” no dia 20, depois de ele ter informado em uma rede social que estava na Flórida (EUA). Após a viagem, o governo publicou um decreto alterando a data da exoneração de 20 para 19 de junho. Para a ministra, a retificação da data da exoneração é procedimento que “costuma ser corriqueiro no âmbito da Administração Pública”.

Na representação enviada ao TCU, o subprocurador-geral Lucas Furtado havia pedido que o tribunal também avaliasse a regularidade da gestão do Itamaraty sobre a utilização de passaporte diplomático. Em relação ao passaporte, Ana Arraes informou que isso foge à competência do TCU e encaminhou o processo ao Ministério Público Federal.

“Elementos constantes nos autos sugerem possível desvio de finalidade na utilização do passaporte diplomático emitido pela República Federativa do Brasil, o que pode configurar ato de improbidade administrativa”, afirmou. Com o uso do documento especial, Weintraub conseguiu entrar nos Estados Unidos sem fazer quarentena.

INVESTIGAÇÕES – Abraham Weintraub é alvo do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura ameaças a ministros do tribunal e a disseminação de conteúdo falso na internet, as chamadas fake news. Weintraub também é alvo de um inquérito que apura o suposto crime de racismo em uma mensagem publicada por ele nas redes sociais.

Nessa mensagem, ele acusou a China de responsabilidade em relação à pandemia do novo coronavírus e ironizou a forma como alguns chineses trocam a letra “R” pela letra “L” ao falar português.