11º iNovaFundaj lança luz sobre futuro da cultura erudita

O  escritor e diretor da Dimeca, Mário Hélio, levanta questionamentos durante palestra no iNovaFundaj

Debater “Os impactos da Covid-19 na cultura”. Esse foi o objetivo – e tema – da 11ª edição do iNovaFundaj. O evento, realizado ontem, reuniu especialistas das áreas musicais, empreendedores das artes clássicas e jornalistas. A iniciativa da Diretoria de Formação Profissional e Inovação (Difor) da Fundação Joaquim Nabuco teve mediação do diretor de Memória, Cultura, Educação e Arte (Dimeca) da Fundaj, Mário Hélio. O encontro se deu em formato webinário, como tem sido desde 15 de abril, em respeito às medidas de isolamento social adotadas como combate ao novo coronavírus (Covid-19).

Falando em nome da instituição, através da plataforma de vídeos chamadas Zoom, além de transmissão ao vivo pelo YouTube, o presidente da Casa, Antônio Campos, abriu a discussão saudando os gestores presentes, assim como os convidados e o público. Em suas palavras, lembrou de uma conversa que teve com o ceramista Francisco Brennand sobre o conceito de cultura, propondo a reflexão. “Perguntei a Brennand o que era a arte. Prontamente ele respondeu que a arte é o destino. Então, o que seria a cultura? Trata-se da forma como um povo se expressa. No contemporâneo, merece outra reflexão: a cultura não pode ser um apêndice do capitalismo, é preciso haver um equilíbrio para que não se torne descartável no século XXI”.

Após a fala de Antônio Campos, o diretor da Difor, Wagner Maciel, agradeceu o empenho dos funcionários da diretoria para a elaboração do webinário. “A participação de todos é fundamental em cada uma das etapas do iNovaFundaj. Nesse, em especial, quero agradecer a coordenadora dos Cursos de Curta Duração, Gabriela Almeida, por ter feito o contato com esses palestrantes incríveis”. Em seguida, o diretor da Dimeca, Mário Hélio, levantou o questionamento que embasou as palestras do economista Steffen Dauelsberg e do jornalista Márvio dos Anjos, com contribuições da presidente da empresa Dell’Arte, Myrian Dauelsberg. “O que acontece com a música erudita, salas de concertos, bons shows e economia cultural neste momento de pandemia?” Passando a palavra para Steffen, Mário Hélio continuou: “Queremos provocar indagações e inquietações em quem nos assiste”.

O economista Sttefen Dauelsberg apresentou uma planilha de dados que abrange também diversos países afetados pela pandemia da Covid-19 – como a Itália, Espanha, França e Alemanha – mas ressaltou que não iria se “ater a trazer soluções efetivas, porque elas ainda não existem”. Segundo ele, 98% dos eventos do Brasil foram impactados pela paralisação das atividades derivadas do isolamento social. “Estamos saindo de um momento extremamente crítico para tentar entender como será esse caminhar”.

Em sua previsão, Steffen acredita que o país viverá o chamado “novo normal”, com realidades como as já aplicadas na Europa. “Os teatros serão reabertos com a capacidade reduzida, porque é importante não retrocedermos no número de casos de infectados com o novo coronavírus. Platéias europeias estão tendo algumas de suas cadeiras retiradas, para evitar a aproximação entre o público. O estilo ‘drive-in’, por exemplo, em que cada um fica dentro de seu carro, pode ser uma tentativa de artistas se reconectarem com as pessoas”.

Tal necessidade de ampliação de plataformas digitais que liguem artistas ao público é uma necessidade reconhecida também por Márvio dos Anjos. Apesar disso, o jornalista ressalta que a qualidade do serviço online é uma realidade ainda distante do brasileiro. “A esmagadora maioria dos nossos teatros adiou algumas revoluções, e vamos pagar um preço por isso. Não dá para acreditar que a estrutura tecnológica dos teatros no Brasil irá rapidamente se comparar com os da Alemanha, por exemplo. É preciso ampliar plataformas dentro do possível, valorizando a arte local, assim como a cultura”.

Com informaç~es Blog do Magno Martins