Em troca de mensagens, Bolsonaro diz que investigação sobre aliados justificaria troca no comando da PF

Dez a 12 deputados bolsonaristas estariam na mira da PF

Natália Portinari e Marco Grillo
O Globo

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro apresentou uma troca de mensagens em que o presidente Jair Bolsonaro pede a troca de comando na Polícia Federal com base em uma informação de que a corporação estaria investigando deputados bolsonaristas.

Em resposta, Moro diz que a investigação é conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também é responsável por determinar as diligências.

MOTIVO PARA A TROCA – Ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, Moro enviou a troca de mensagens com o presidente. Na imagem, Bolsonaro compartilha um link do site “O Antagonista”. O texto da publicação cita uma informação apresentada pelo colunista Merval Pereira, do O Globo, de que o primeiro inquérito “já tem uma relação de 10 a 12 deputados bolsonaristas, mais empresários, que tiveram o sigilo quebrado, e a Polícia Federal estava a ponto de fazer busca e apreensão em seus endereços quando veio a quarentena”. Acompanhado do link, Bolsonaro diz que este seria “mais um motivo para a troca”.

Em resposta, Moro diz que “este inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre no STF, diligências por ele determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas. Conversamos em seguida às 9h”, em referência ao encontro que teriam na manhã de quinta-feira.

RAMAGEM – Em outra troca de mensagens apresentada por Moro, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) tenta convencê-lo a aceitar o nome do atual diretor da Abin, Alexandre Ramagem, no comando da PF, em substituição a Maurício Valeixo.

Em contrapartida ao aval do ministro, a parlamentar diz que ajudaria a convencer Bolsonaro a indicá-lo ao STF na vaga que será aberta com a aposentadoria do ministro Celso de Mello. “Por favor ministro, aceite o Ramagen, e vá em setembro para o STF. Eu me comprometo a ajudar a fazer JB (Jair Bolsonaro) prometer”, diz Carla. Em resposta, Moro afirma: “Prezada, não estou à venda”.

A deputada diz que sabe que ele não está à venda, e Moro diz: “Vamos aguardar, já há pessoas conversando lá”, em relação à possível troca na PF. Em uma transmissão ao vivo em sua conta do Facebook, Carla Zambelli disse que está “decepcionada” com Moro, que foi seu padrinho de casamento recentemente.

“TRAIRAGEM” – Ela considera uma “trairagem” ou até “crime” a divulgação da troca de mensagens e disse que estava apenas fazer uma sugestão a Moro. “Eu percebi que tinha alguma coisa estranha (na resposta “não estou à venda”), porque em momento nenhum eu ofereci dinheiro para ele”, disse Carla.