Como Sócrates e Platão iriam encarar essas restrições às artes e à cultura?

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Roberto Nascimento

Adolf Hitler era culto, gostava de artes e tentou entrar na Academia de Pintura de Viena, capital da Austria. Quando assumiu o Partido Nacional Socialista, embrião do nazismo, nomeou como chefe da Propaganda o doutor em Filosofia chamado Joseph Goebbels, para comandar a arte e a cultura do nazismo.

Inclusive, o símbolo do nazismo, a suástica, foi desenhada por Hitler, como também as alegorias e uniformes utilizados pelos militares nos desfiles para as massas e para a juventude hitlerista.

SÓCRATES E PLATÃO – Para demonstrar a arquitetura do nazismo, vamos supor um diálogo fictício entre Sócrates e Platão:

PlatãoMestre Sócrates, como iludir uma nação com promessas populistas, baseando-se na alegoria da raça pura, na pauta conservadora dos costumes, no fim da inflação e da corrupção e na censura das artes?

Sócrates: Primeiramente, é necessário planejar a tomada do Poder. Será preciso arregimentar adeptos, através de pesquisas de opinião sobre os anseios da sociedade, naquilo que mais lhe afeta no momento. Por exemplo, se há inflação, será preciso então, prometer acabar com o monstro, que corrói salários. Se os índices de desemprego estiverem altos, o combate ao dragão torna-se prioridade, através das promessas de investimento nas fábricas, nas privatizações de estatais, na redução do Estado para torná-lo mínimo, na esperança de sobrar recursos para investimento nas empresas privadas. Se a sociedade está com medo da violência praticada por meliantes e milícias de traficantes, promete-se o abate de meliantes a qualquer custo.

Platão: Professor, quais ferramentas serão utilizadas para atingir esses objetivos?

Sócrates: Não há movimento de mudanças e tomada de poder, sem uma teoria ou um teórico que pense filosoficamente os passos dos seus seguidores. Foi assim no mundo Greco-Latino, na Idade Média, no Renascimento, no Iluminismo e recentemente no Nacional Socialismo de Hitler. Os que desejam empalmar o Poder e nele permanecer, enunciam os seus propósitos, que serão depois colocados em prática. Assim como o pensamento na frente da ação, que se transformará em realidade, sob a ótica do monarca.

Platão: O que fazer, no que concerne a Religiões e as Artes.

Sócrates: Boa pergunta, meu amado discípulo. O Estado deixa de ser laico para seguir uma seita religiosa, que imponha seus lemas conservadores. Elimina-se a razão nos atos do Estado e passa a reinar sobre os fundamentos da Fé. As Artes passam pelo filtro da Censura. Os autores teatrais e das Artes em geral perdem a liberdade de criar e são negados financiamentos públicos.

PAIXÃO E LOUCURA – Bem, terminado o diálogo ficcional, passemos a análise. O paradoxo é acreditar ao mesmo tempo na razão e na loucura. Isso vemos nas redes digitais, com militantes virtuais a serviço de uma causa conservadora, difundindo mentiras, atacando quem não pensa igual a eles, uma deseducação, uma falta de cultura e de conhecimentos mínimos da história do país e do mundo.

O copia e cola do então Secretário de Cultura, a um discurso de Goebbels em 1930, pregando uma Arte do Poder do Estado ou nada, foi um tiro no pé, uma demonstração do desmonte da Cultura e das Artes. As práticas do chefe de propaganda de Hitler estão ainda bem vivas na memória dos parentes das vítimas do nazismo e isso é inaceitável para todos àqueles povos que sofreram a barbárie.

CERCEANDO A CULTURA – Tanto na Grécia de Sócrates, como na Alemanha de Hitler, as elites se incomodavam com a Filosofia, o Conhecimento, a pluralidade e a diversidade. Ensinar Democracia, Arte, Pintura etc. acabou se tornando uma ameaça. Os aristocratas não mais permitiam que os jovens pensem pelos seus próprios cérebros.

Por essa razão, até hoje há governos que combatem a Imprensa, censuram às Artes e a Liberdade, promovem uma fuga da realidade, mentem reiteradamente e compulsivamente, usam fake news, repetem sofismas à exaustão para que se tornem realidade. Trata-se de uma loucura ou de uma tática deliberada para confundir o outro e a si mesmo? O que você acha?

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