Decisão do Iraque de expulsar americanos é vitória do Irã

Por Guga Chacra

O Parlamento do Iraque aprovou resolução para a remoção das tropas dos EUA do território iraquiano. São 5 mil militares. Esta decisão é um duro revés para Trump e o primeiro efeito negativo após o ataque contra o líder militar iraniano, Qassem Soleimani. Além disso, é uma vitória estratégicapara o Irã.

O objetivo nos últimos meses de Suleimani vinha sendo canalizar o sentimento nacionalista do Iraque contra os americanos para que as tropas fossem expulsas. Conseguiu mesmo após a sua morte.

Os EUA devem tentar convencer os iraquianos a não seguirem adiante com esta decisão. A presença dos 5 mil militares é fundamental para a segurança dos interesses americanos no país e também na região. Sem falar na humilhação de levar adiante uma guerra que custou trilhões de dólares e milhares de vidas americanas para ver seu maior adversário sair vencedor.

Caso a expulsão americana realmente se concretize, o Irã naturalmente preencherá o espaço em uma vitória geopolítica. Ainda assim, o regime de Teerã terá problemas, já que o nacionalismo iraquiano também se volta contra os iranianos. A Guarda Revolucionária, no entanto, possui aliados fortes nas milícias xiitas iraquianas.

Outra tendência é o risco fortalecimento do Estado Islâmico. Sem a presença dos EUA, a organização terrorista pode se reerguer, ainda que enfrente resistência do Irã e das milícias xiitas, além dia guerreiros Pesh Mergas curdos. A ajuda americana era fundamental.

A decisão do Parlamento do Iraque é uma derrota para os EUA após Trump decidir matar Suleimani. O presidente, porém, talvez venda como vitória ao dizer que não vê necessidade de manter tropas no país. Não podemos esquecer que ele retirou tropas da Síria. Mas, no território sírio, foi uma decisão americana. Agora, não. E quem leva o prêmio é o Irã.

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