Rafael Grossi sucederá na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) o japonês Yukiya Amano, que morreu no cargo
Grossi, de 58 anos, que há anos atua na AIEA e cobiça o seu comando, prometeu agir de forma independente e neutra à frente do organismo. Ele sucederá o japonês Yukiya Amano, que morreu na função em julho último. Na disputa pela direção-geral, ele derrotou o atual diretor geral-interino, Cornel Feruta, da Romênia, e conseguiu 24 dos 35 votos do conselho de governadores da agência.
Brasil e Argentina têm uma relação próxima na questão nuclear. Os dois países criaram em 1991 a Agência Brasileiro-Argentina de de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc), que realiza fiscalizações mútuas nas instalações atômicas dos dois países. A agência bilateral foi criada para pôr fim a desconfianças que existiam entre os vizinhos acerca de uma eventual militarização de seus programas nucleares.
— Farei o meu trabalho e acho que meu objetivo é implementar o mandato de maneira independente, justa e neutra — disse Grossi a repórteres após a votação, quando perguntado sobre o Irã. — O que eu acho importante é dar aos países-membros e à comunidade internacional a garantia de que sou absolutamente independente e impermeável à pressão.
Em seu discurso ao conselho de governadores da AIEA, Grossi não mencionou diretamente o Irã e chamou a troca de liderança de “oportunidade de recalibrar”, sugerindo que não planeja mudanças radicais. Ele elogiou o trabalho de salvaguardas da AIEA, que envolve a verificação de que os países estão usando a tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos.
Apenas os países signatários do TNP, aprovado em 1968 e que entrou em vigor em 1970, se submetem às fiscalizações da AIEA. Isso significa que estão fora Estados como Israel, Índia e Paquistão, que nunca aderiram ao tratado e desenvolveram bombas atômicas, e Coreia do Norte, que abandonou o pacto em 2009. O TNP é alvo de críticas pelo fato de as potências nucleares oficialmente reconhecidas — EUA, Rússia, China, Reino Unido e França — nunca terem implementado seu compromisso com a eliminação de armas atômicas.
REUTERS