Carlos Newton
Infelizmente, há pessoas torcendo para que o presidente Jair Bolsonaro peça logo as contas e tire o time de campo, porque o Brasil estaria mais bem servido com o general Hamilton Mourão à frente do governo. A justificativa parece procedente, mas é hedionda. Não se deve desejar a morte de ninguém, conforme ensina a moderna Ciência do Direito, que se posiciona frontalmente contra a pena capital. No caso de Bolsonaro, o que se deve esperar é que ele se recupere o mais rápido possível, encare o sofrimento como uma lição e tente fazer um governo que torne o Brasil melhor.
Nesta sexta-feira 13, por coincidência, o noticiário político incluía notícias sobre a lenta evolução do estado de saúde do presidente e também sobre o recurso da Advocacia-Geral da União para que a Polícia Federal continue a investigar o escritório de advocacia que defende o réu Adélio Bispo, autor do atentado que levou Jair Messias Bolsonaro a esse calvário.
AGU RECORREU – Não há dúvida de que a AGU deveria ter recorrido, porque o caso de Adélio Bispo está muito longe de estar solucionado judicialmente. No entanto, com a devida vênia, é preciso destacar que o recurso da AGU está equivocado ao pedir apenas que se investigue o escritório de advocacia responsável pela defesa de Adélio Bispo.
Na época, cansamos de afirmar aqui na Tribuna da Internet que isso é a coisa mais comum. Escritórios de advocacia precisam de notoriedade para conseguir casos bem remunerados. Este escritório mineiro já tinha feito outras defesas de casos espetaculares, sem receber remuneração, apenas para ganhar visibilidade no noticiário.
Na próxima quarta-feira, o Tribunal Federal de Recursos da 1ª Região pode até aceitar o recurso da AGU e fazer a Polícia Federal perder mais um tempo. A atitude correta e que se esperava, porém, seria reabrir as investigações mais amplamente.
FOI UM FRACASSO – Sem a menor dúvida, a investigação do caso Adélio Bispo fracassou. Não se conseguiu nada a respeito da surpreendente ida dele a Santa Catarina, para frequentar o mesmo clube de tiro onde Eduardo Bolsonaro costuma aprimorar a pontaria.
Além disso, Adélio Bispo é um homem de parcos recursos, trabalhava em atividades de baixa renda, não tinha casa própria nem poderia arcar com os custos das sucessivas viagens que fazia, pois na época não estava trabalhando nem fazendo biscates lucrativos.
E O MANDANTE? – A história do atentado é mal contada. Pode ser até que não tenha havido mandante, como a PF concluiu, mas é quase certo que existia alguém que ajudava financeiramente a manter Adélio Bispo.
Como a família não tinha condição de fazê-lo, Adélio Bispo poderia estar contando com o apoio de uma namorada ou namorado, pois tudo é possível nesses tempos de LGTB que vivemos. Mas a longa investigação não descobriu ninguém que o ajudava e também não encontrou a origem do dinheiro dele.
Há também outro ponto fora da curva, a ida dele à Câmara Federal em 6 de agosto de 2013, um mês antes do atentado, mas os gabinetes que ele teria visitado ainda são desconhecidos e a PF não conseguiu nada a respeito.