Governo quer reativar a economia, mas reduziu os próprios investimentos nas estatais

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Charge do Kap (arquivo Google)

Pedro do Coutto

Reportagem de Martha Beck e Manoel Ventura, O Globo de quinta-feira, revela que enquanto o governo Bolsonaro sustenta ser de máxima importância o avanço dos investimentos no país, inclusive como fator de reduzir o desemprego, ele próprio diminui suas aplicações principalmente nas estatais de primeira linha, como é o caso da Petrobras e Eletrobrás.

Martha Beck e Manoel Ventura voltam sua atenção para o fato comparativo do primeiro trimestre de 2016 com igual periodo de 2019. Bem, janeiro, fevereiro e março de 2016 registraram os aportes de capital ao nível de 19,7%. No mesmo período deste ano, os desembolsos ficaram contidos na escala de 6,7%.

JUSTIFICATIVA – A matéia acentua que houve redução no número de servidores regidos pela CLT e isso tornou mais fácil a privatização. Claro. A redução do chamado passivo trabalhista facilita as transações na medida em que diminui os pagamentos a serem feitos pelas empresas que adquirirem percentuais acionários nas estatais privatizadas.

O governo brasileiro, no plano do ministro Paulo Guedes, assume o passivo antecipando-se às decisões dos futuros controladores.  Nesse panorama visto da ponte, título da peça de Arthur Miller, observam-se duas contradições. Se a solução é recuperar a economia brasileira, de acordo com novos investimentos, por qual motivo o Planalto diminuiu a escala de investimentos, reduzindo-os a menos da metade do que o valor que vinha sendo adotado? Isso de um lado. De outro, as estatais sairam de um rombo de 32 bilhões no período em confronto, para um lucro de 71 bilhões de reais. Alguma coisa está errada.

MENOS DESEMPREGO – Inclusive porque o ritmo dos investimentos, reportagem de Daiane Costa e Poliana Bretas, publicada na mesma edição, destaca que o processo econômico, apesar de ser lento, funcionou para a queda do desemprego de 13 para 12,8% da mão de obra ativa. Pode se considerar pequeno esse avanço, mas pode ser também que signifique a retomada de um ritmo capaz de enfrentar um fantasma social que está rondando os assalariados brasileiros.

A nova taxa Selic que entrou em vigor, descendo de 6,5 para 6%, afeta muito pouco a escala de juros bancários, levando-se em conta que os bancos não são devedores mas credores do Tesouro Nacional. Ou seja, 6,5% incidiam sobre 5,4 trilhões de reais, dívida interna brasileira. Agora, ao invés de 6,5%, a rentabilidade dos que aplicaram em notas do tesouro nacional que lastreiam a rolagem do endividamento diminuiu muito pouco. Mas diminuiu concretamente. Basta fazer as contas.

QUEDA DOS JUROS – A taxa Selic, reportagem de Renato Jakias, O Estado de São Paulo, traça uma ótima análise dos reflexos da queda do indicador. Vai influir nas aplicações abertas de capital ,como são os fundos de mercado, no Imposto de Renda e na rentabilidade das cadernetas de poupança. Nada disso entretanto será mais importante do que a queda do desemprego como começou a acontecer no final do mês de julho.

Vamos esperar que o processo de retomada do emprego se firme no horizonte da esplanada de Brasília. Porque nada pior pode acontecer aos trabalhadores do que perder seu posto de trabalho. O mercado de trabalho é que produz reflexos positivos no quadro brasileiro.

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