Camila Bomfim
TV Globo — Brasília
A Polícia Federal (PF) mudou o comando da investigação que apura invasão no celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Os nomes dos delegados não foram confirmados pela PF. A PF já instaurou quatro inquéritos para investigar o vazamento de mensagens do celular do ministro Moro e também de procuradores da força-tarefa da Lava Jato.
De acordo com a investigações, hackers clonaram o número de Moro, abriram ou reativaram a conta do ministro no Telegram e se passaram por ele. Moro desativou a linha invadida.
MAIS FOCO -A troca dos delegados não teria sido motivada por desempenho, segundo fontes ouvidas pela reportagem. O delegado que estava à frente da investigação já cuidava de outro inquérito – que apura o vazamento de pelo menos 5 operações policiais a criminosos – e era preciso ter alguém com foco maior no inquérito sobre hackers.
O celular do ministro já foi periciado mas, segundo investigadores, não é fácil identificar o autor da invasão porque crimes cibernéticos são extensos e complexos.
Os investigadores estão colhendo indícios sobre a autoria e método do acesso de hackers a conversas privadas do ministro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A Polícia Federal já constatou que a invasão dos celulares de Moro e de integrantes do Ministério Público Federal foi planejada para execução em conjunto. O modo de operação da clonagem foi semelhante. Todas as vítimas, inclusive Moro, receberam telefonemas de celulares que exibiam o mesmo número dos aparelhos deles.
No caso do ministro, por exemplo, os hackers clonaram o número de Moro, abriram ou reativaram a conta do ministro no Telegram e se passaram por ele, porque o próprio Moro já havia desativado o aplicativo ante de a linha ser invadida. Em maio, procuradores da Lava Jato no Rio de Janeiro e no Paraná relataram tentativas de invasões semelhantes.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, considera os ataques graves e disse que configuram uma situação que pode comprometer diversas apurações em curso. Raquel Dodge abriu procedimento interno para acompanhar o caso e, desde então, tem reforçado as orientações para ampliar a segurança dos aplicativos de mensagens usados pelos procuradores. (C.N.)