Por Magno Martins
Em abril de 2017, este blog já denunciava irregularidades no processo de licitação da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) para a contratação de uma seguradora que garantisse o seguro de vida dos funcionários. Na ocasião, uma grande seguradora multinacional apresentou uma proposta que representava uma economia de R$ 12 milhões ano a empresa. Até hoje, a Chesf não explicou o porquê de não acatar a proposta e manter as atuais seguradora e corretora da operação.
Passado esse tempo, a Chesf decidiu retomar o processo licitatório. Mesmo com as mudanças realizadas na diretoria da Companhia, com a entrada de novos gestores, a maioria das seguradoras optou por não participar do certame este ano alegando falta de transparência no processo, apontando diversas contradições no novo edital. A mais grave delas se refere à sinistralidade (sinistros indenizados) na apólice atual.
O documento que comprova esse ponto para todos os participantes é uma planilha de Excel que não informa a fonte dos dados. Nesse caso específico, a primeira versão da sinistralidade estava orçada em R$ 43 milhões e, duas semanas antes da licitação, foi alterado para R$ 48 milhões.
O certame ocorreu na última sexta-feira (14) e a mesma seguradora atual da apólice venceu com uma proposta de R$ 46,5 milhões.
Tendo em vista que a fonte dos dados é a seguradora atual, como ela apresenta R$ 48 milhões em sinistros e faz uma oferta de R$ 46,5 milhões para este ano? Vale ressaltar que, sobre o valor da sinistralidade ainda há despesas como custos administrativos.
Outra questão importante é que, se cabe um custo de R$ 46,5 milhões ao ano pelo seguro, como a seguradora e corretora atual cobrou durante anos o custo de R$ 60 milhões?
Mesmo com os questionamentos realizados pelas seguradoras concorrentes, a Chesf manteve o processo licitatório.