Ex-superintendente do Ibama no Acre é preso pela PF em operação que fiscaliza crimes ambientais

Carlos Gadelha é acusado de facilitar o anúncio antecipado de operações e investigações aos criminosos acusados de desmatamento ilegal

Após a deflagração da Operação Ojuara pela Polícia Federal (PF) em Rio Branco e no Amazonas, uma coletiva à imprensa foi dada na sede da PF, em Rio Branco, nesta quarta-feira (8) pelo órgão apresentando os mandados de prisão temporária, busca e apreensão.

Carlos Gadelha

A ação tinha o objetivo de desarticular um grupo criminoso investigado pela prática de diversas fraudes e atos de corrupção relacionados a processos de fiscalização ambiental contra desmatamentos e grilagem de terras realizadas em municípios do interior do Amazonas.

Dentre os capturados em prisão preventiva, está o superintendente do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) no Acre, Carlos Gadelha, que facilitava o anúncio antecipado de operações e investigações aos criminosos acusados de desmatamento ilegal.

A operação investiga diversas práticas de crimes e irregularidades administrativas envolvendo servidores da Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Acre – que responde pela fiscalização ambiental em parte dos municípios do Sul do Amazonas, agropecuaristas no Estado do Amazonas, sobretudo nos municípios de Boca do Acre e Lábrea (AM), advogados, policiais militares do Amazonas e outros intermediários.

De acordo com a superintendente da Polícia Federal, Diana Calazans Mann, é um momento de prestação de contas. O resultado parcial aponta que nos estados do Acre, Amazonas e Minas Gerais, 36 mandados de busca e apreensão, que estão em andamento. Hoje, queremos informar a população sobre a prestação parcial de contas a respeito da Operação”, classificou.

Ao centro, Superintendente da PF NO Acre, Diana Calazans Mann

Ainda nesta quarta-feira, três flagrantes de armas de fogo foram lavrados. De acordo com o delegado Warlei Dias, a organização criminosa era dividida em cinco núcleos: 1. Núcleo de desmatadores (composto por fazendeiros que praticavam crimes ambientais, desmatando para criação de gados); 2. Núcleo de fiscalização (servidores do Ibama investigados pelo recebimento de vantagens indevidas, numa troca com fazendeiros, no repasse de informações privilegiadas e de operações); 3. Núcleo de operadores (faziam uma ponte entre os desmatadores e fiscalizadores do Ibama); 4. Núcleo de fazendeiros (que atuavam no pagamento de propina); 5. Núcleo de coerção (fazendeiros ameaçavam pequenos produtores e os expulsavam).

Entre os crimes investigados estão lavagem de dinheiro/Foto: divulgação

Uma tentativa de homicídio também foi registrada, quando uma pessoa foi atingida por um tiro de arma de fogo em uma das áreas desmatadas. Um levantamento feito pela PF deu conta de que o desmatamento e os crimes ambientais atingiram cerca de 86 mil hectare.

“A investigação no Ibama e na Polícia Militar do município de Boca do Acre, não compromete o trabalho desempenhado pelos órgãos. Não podemos generalizar. Há, também, pessoas competentes nestes. Essas pessoas que cometeram delitos, atuaram para impedir fiscalizações ou comunicá-las a outros criminosos”, disse o procurador do MPF, Rafael da Silva Rocha, que integrou o processo de investigação.

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