Em artigo publicado no ‘Washington Post’, Abigail Disney propõe reduzir bônus pagos a altos executivos da empresa para beneficiar funcionários com salários mais baixos
O corte nos bônus dos executivos permitiria que a empresa pagasse um adicional de US$ 2,000 aos seus 125 mil funcionários, o dobro da quantia recebida no ano passado. Segundo argumentou, em 2018, a remuneração de Bob Iger equivaleu a 1.424 vezes o salário médio de um funcionário da Disney.
“A redução do valor do bônus não afetaria o padrão de vida dos altos executivos. No entanto, para os funcionários com remuneração mais baixa o aumento no bônus poderia ser usado para o pagamento de uma dívida, em um tratamento de saúde ou em uma ajuda na educação dos filhos”, escreveu.
Em seguida à publicação do artigo, a diretoria da Disney esclareceu que a empresa “havia feito investimentos históricos” em benefício dos funcionários, como o aumento do salário mínimo dos funcionários da Disneylândia para US$ 15 por hora e a criação de um fundo de US$ 150 milhões destinado a custear os estudos universitários dos empregados.
Assim como Abigail Disney, outros empresários preocupam-se com o problema da desigualdade social nos EUA. No início de abril, Ray Dalio, fundador do Bridgewater, o maior fundo de hedge do mundo, advertiu que a queda do padrão de vida da população de baixa renda poderia resultar em “grandes conflitos sociais e até mesmo em uma revolução popular”, a menos que houvesse uma reformulação no sistema capitalista dos EUA.
Em sua carta anual aos acionistas da empresa, Jamie Dimon, executivo-chefe da JPMorgan Chase, destacou os dez principais tópicos de sua visão sobre o problema da desigualdade social. Howard Schultz, antigo CEO da Starbucks, e o cofundador da Microsoft, Bill Gates, também se preocupam com o assunto e sugeriram um aumento de impostos para a camada mais rica da população.
De acordo com uma pesquisa da empresa de consultoria Equilar, Bob Iger é um dos cinco CEOs mais bem pagos dos EUA. Sua remuneração no ano passado incluiu ações no valor de US$ 26,3 milhões em reconhecimento ao trabalho bem-sucedido de compra de ativos da 21st Century Fox.
Além da crítica ao pagamento de bônus elevados aos principais executivos da empresa, Abigail Disney disse que a Disney recomprara US$ 3,6 bilhões de ações para aumentar seu valor de mercado e enriquecer os acionistas. Mais um exemplo, segundo ela, de concentração de riqueza nas mãos de uma pequena elite.
Fonte:
Financial Times-Disney heiress steps up campaign over board’s pay