VÍDEO: NELSON BARBUDO, DA ROÇA PARA O CONGRESSO

‘Não tenho bandido de estimação. Evidentemente não me refiro a Bolsonaro’

Barbudo: entre 'amai ao próximo como eu vos amei' e 'psicopatas' da 'corja' da esquerda Foto: Eduardo Barretto/Época
Barbudo: entre ‘amai ao próximo como eu vos amei’ e ‘psicopatas’ da ‘corja’ da esquerda Foto: Eduardo Barretto/Época

Eduardo Barretto – Revista Época

Quando chegou ao Congresso, o deputado Nelson Barbudo, do PSL de Mato Grosso, se lembrou das araras do Pantanal. Mas com uma diferença. “Lá as araras gritam de alegria quando acham um pé de fruta carregado. Aqui os bandidos gritam de alegria quando acham os cofres da Petrobras cheio de dinheiro”.

Barbudo é neófito na Câmara, mas mantém tradições. E chama a atenção. O chapéu cobre sua cabeça há 30 anos, e só sai dela para entrar na igreja, semanalmente. A barba está em seu rosto há 40 anos. O carro que o leva à Casa é um Uno Mile da família — com o distintivo da Mercedes-Benz no capô.

Ele tem decorado o discurso da “nova política” que o levou a Brasília, na onda do partido de Jair Bolsonaro. Mas logo se desarma. “Tenho que trabalhar no mínimo 20 horas por dia”. Mas dá para trabalhar isso tudo? “Tem dia que dá, tem dia que não dá… Eu sozinho não faço quórum”.

Ao ser questionado sobre corrupção, comete um ato falho: “Não tenho bandido de estimação. Evidentemente não estou me referindo ao Jair Bolsonaro”.

É Bolsonaro de carteirinha. O quadro do presidente está em seu gabinete. Na mesma parede, há um painel feito de cartuchos de balas com seu rosto, de barba e chapéu. É de Rodrigo Camacho, o mesmo artista que presenteou Bolsonaro com uma escultura com a face do “mito” no ano passado.

Perto da escultura de balas, repousam uma miúda arara-vermelha de madeira e uma pequena imagem de Jesus Cristo na cruz. “Amai ao próximo como eu vos amei. Este é o mandamento que Jesus mais gostava. Era só usar aqui e não haveria PT, nem PSL, nem PC do B”, ensina, comovido. Até lá, contudo, Nelson Barbudo torpedeia “as alopradas” e “psicopatas” da “corja” da esquerda.

Aos desavisados, ele alerta ao chegar em seu gabinete: “Não somos homofóbicos nem heterofóbicos”, logo depois de cumprimentar efusivamente duas assessoras: “Essa aqui é minha negona, pode chamar, não tem nada a ver”. “Dá um beijo no patrão!”. O riso é solto, e ele costuma se despedir até quando sai do elevador com um sonoro “tudibão!”.

Nascido em uma cidadezinha de 5 mil habitantes do interior de São Paulo e morando nos últimos anos no Mato Grosso, Barbudo dá seu pitaco às “araras” dos carpetes verdes da Câmara: “Se os deputados observassem a harmonia em que vivemos no Pantanal, era só deixar o Brasil correr como um rio”. Enquanto isso não acontece, admite: “Aqui é uma selva de pedra”.

Assista à entrevista:

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