Se arrependimento matasse, Moraes estaria esperando agora a missa de sétimo dia

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Moraes embarcou na canoa furada de Toffoli e se deu muito mal

Carlos Newton

Todos erram, ninguém é perfeito, qualquer descuido pode ser fatal, a pressa é inimiga da perfeição  – na verdade, esses desgastados chavões explicam mas nenhum deles consegue justificar a atitude do ministro Alexandre de Moraes, que jamais poderia ter caído nessa esparrela de Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Revoltados com as investigações de suas mulheres pela Receita Federal, devido a movimentações bancárias atípicas, Toffoli e Gilmar resolveram contra-atacar usando o Supremo como se fosse um carro de combate. Afinal, quem ousaria enfrentar institucionalmente o STF? Boa pergunta, que parecia não ter resposta, mas na prática há teorias que se espatifam.

Os ministros raciocinaram (?) como se o país estivesse submetido à ditadura do Supremo, que realmente age como bem entende, desrespeita as leis de suspeição de magistrados e a jurisprudência, protege amigos e comparsas, e até solta “de ofício” notórios criminosos, como José Dirceu, que ganhou do amigo Toffoli um salvador  habeas corpus que sua defesa nem requereu.

IMPUNIDADE – Jamais foram vistas tantas irregularidades no Supremo, esta é a realidade, e o circo dava mostras de que iria ficar eternamente em função. Nesse clima, movidos pela impunidade que caracteriza muitas de suas decisões ilegais, Toffoli e Gilmar inventaram um inquérito interno absolutamente inconstitucional, previsto apenas para atos criminosos ocorridos dentro da sede do Supremo.

Aliás, esse tipo de inquérito estava na medida e devia ter sido aberto para investigar as libertações de José Dirceu e Jorge Picciani, por exemplo, beneficiados por Toffoli, ou de Jacob Barata e Beto Richa, soltos por Gilmar. Afinal, foram atos criminosos cometidos na sede do Supremo e Richa até ganhou um habeas corpus contra futuras prisões, vejam a que ponto chegamos…

Com apoio de Gilmar e na certeza da impunidade, Toffoli abriu o inquérito interno, sob a justificativa de que ofender ministro representaria crime cometido “na sede” do tribunal, notem que a desfaçatez não tem limites. E o inexperiente ministro Alexandre de Moraes entrou nessa gelada, ao aceitar ser nomeado relator, sem distribuição por sorteio eletrônico.

DEU TUDO ERRADO –  O mais curioso é que houve uma lambança geral e deu tudo errado. O alvo de Toffoli e Gilmar eram as investigações de suas mulheres (e, consequentemente, deles próprios) na Receita Federal. Para disfarçar, porém, Toffoli meteu na justificativa do inquérito uma história de fake news e ofensas aos ministros. E o distraído relator Moraes resolver enveredar por esse caminho, deixando a Receita de lado.

Quando saiu a matéria na Crusoé, Toffoli logo afirmou que era “fake news” e convenceu Moraes a censurar a revista digital e o site Antagonista. Embalado por esse bafo da onça, o relator embarcou na onda e se deu mal, tremendamente mal. Não era “fake news”, na Odebrecht o então jovem Toffoli não somente era o “amigo do amigo de meu pai”, mas também o “T”.

Outros ministros começaram a protestar, porque em 2015 o próprio Supremo, por unanimidade, pôs fim ao último resquício de censura no país, ao impedir que houvesse qualquer tipo de proibição legal a biografia não-autorizada. Moraes então teve de voltar atrás, se arrebentou todo e está pagando seus pecados em plena Semana Santa.

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