“Toda censura é mordaça e é incompatível com a democracia’, afirma Cármen Lúcia

A ministra Carmen Lúcia criticou nesta quinta-feira a decisão do Supremo de censurar reportagem que desagradou o presidente da Corte, Dias Toffoli Foto: Jorge William / Agência O Globo

Cármen Lúcia também resolveu falar, dando apoio a Celso de Mello

Jailton de Carvalho
O Globo

Depois de o ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, divulgar nesta quinta-feira uma longa nota condenando a censura imposta pelo ministro Alexandre de Moraes à revista eletrônica “Crusoé” e ao site “O Antagonista”, a ministra Cármen Lúcia, ex-presidente da Corte, também criticou as restrições impostas às duas empresas de comunicação.

Ao Globo, a ministra – que costuma dizer que “o cala boca já morreu” quando questionada sobre a liberdade de noticiar da imprensa – se associou às palavras de Celso de Mello e disse que “toda censura é incompatível com a democracia”, até mesmo a decretada pelo seu colega de Corte, o ministro Alexandre de Moraes.

APOIO AO DECANO – Concordo com o que ele (Celso de Mello) falou. Aliás, como sempre falei, toda censura é mordaça e toda mordaça é incompatível com a democracia. Foi muito bom o decano ter falado sobre isso. Ele tem um compromisso enorme com estes princípios (liberdade de expressão e de imprensa) – disse Cármen.

Em comunicado divulgado nesta quinta, Celso de Mello afirmou que a censura imposta pelo Supremo aos sites é “prática ilegítima e intolerável”. Para o decano, no Estado Democrático de Direito “não há lugar possível para o exercício do poder estatal de veto (…) à transmissão de informações e ao livre desempenho da atividade jornalística”.

DIZ CÁRMEN – A ministra disse que sempre considerou a liberdade de expressão um valor fundamental. Agora que a questão voltou ao debate público, não poderia ser diferente. Por isso, ela considera importante a declaração do decano.

– Tenho absoluta certeza de que, se há algo que preservei (durante a gestão dela à frente do STF), foi a liberdade de expressão – disse a ex-presidente do tribunal.

Um outro ministro, ouvido pelo Globo, também endossou a nota de Celso Mello, mas preferiu não participar das discussões publicamente. Pelo menos não neste momento.

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