O presidente Jair Bolsonaro apresentou febre na noite da última quarta-feira (6), conforme boletim médico do hospital Albert Einstein. O chefe do executivo segue internado na casa de saúde desde cirurgia intestinal realizada no dia 28 de janeiro. Conforme o informativo da casa de saúde, o presidente também apresentou quadro compatível com o de pneumonia.

Bolsonaro foi submetido a uma tomografia do tórax e do abdômen. O procedimento apontou “boa evolução do quadro intestinal”, segundo os médicos.  O boletim médico aponta que o episódio de febre foi “isolado”.

“Foi realizado um ajuste na antibióticoterapia e mantidos os demais tratamentos. Continua sem dor, com sonda nasogástrica, dreno no abdome e recebendo líquidos por via oral em associação à nutrição parenteral”, diz o documento.

Bolsonaro realizou “exercícios respiratórios e caminhou no corredor” nesta quinta-feira, conforme o boletim.

“Por ordem médica, as visitas permanecem restritas”, pontua o texto.

 
Jair M. Bolsonaro

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Especialistas dizem que quadro é “relativamente comum”

A gastroenterologista Cristina Flores, coordenadora do Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e integrante do Instituto do Aparelho Digestivo (IAD), afirmou que o quadro apresentado pelo presidente demanda atenção, mas é “relativamente comum” em casos de pós-operatório:

— Isso é relativamente comum em qualquer pós-operatório que faça com que a pessoa acabe mais tempo acamada. A gente, inclusive, pede para o paciente se mobilizar muito precocemente depois de uma cirurgia, porque a gente diz que pulmão não gosta de cama. Quanto mais tempo deitado, maior a possibilidade de ocorrência de pneumonia em qualquer pós-operatório.

A especialista acredita que a identificação de quadro compatível com o de pneumonia deve alongar a estadia de Bolsonaro no hospital em pelo menos mais uma semana. Cristina disse que o grau de complexidade do caso depende do tipo de germe que está agindo no pulmão do paciente.

— A gravidade depende da extensão do pulmão acometido e de que tipo de germe que está causando a pneumonia. A gravidade é variável, dependendo desses dois fatores. É uma ocorrência comum que normalmente, com a escolha de um antibiótico adequado, é totalmente contornável. Só atrasa um pouco a alta do paciente.

Nos últimos dias, Bolsonaro está recebendo tratamento com antibióticos após apresentar elevação da temperatura. A gastroenterologista destaca que a aplicação desse tipo de remédio não é um fator que afasta a possibilidade de pneumonia, pois o remédio pode ter sido aplicado para combater infecção em outra região do organismo.

A profissional entende que o fato de o presidente estar realizando exercícios respiratórios e caminhadas pelo corredor do hospital, como aponta o boletim, reforçam a ideia de que o presidente continua com uma boa capacidade pulmonar e apresenta um quadro de saúde “mais leve”.

O pneumologista Leandro Fritscher, integrante dos hospitais Moinhos de Vento e São Lucas da PUCRS e professor da escola de medicina da PUCRS, também afirmou que casos de pneumonia são comuns em pacientes hospitalizados:

— A pneumonia é uma das complicações infeciosas mais comuns que acontecem em pacientes hospitalizados. Especialmente após cirurgias abdominais. Apesar de algo comum é sempre uma situação que inspira cuidado.

Fritscher também destacou que o fato de o presidente seguir ativo é um indicativo de que o caso seja menos complexo:

— Um paciente quando está com uma pneumonia grave fica incapaz de se mobilizar, ele não consiga caminhar. Precisa estar na UTI. O fato de ele estar caminhando, estar ativo, saindo da cama, é um sinal muito favorável.