USP desenvolve vacina contra tumor cerebral

Em parceria com o Hospital do Coração, a vacina traz perspectivas promissoras, pois “ensina” o sistema imunológico a combater o próprio tumor

USP desenvolve vacina contra tumor cerebral
O diagnóstico do tumor pode ser realizado por meio de exames de imagem (Foto: Pixabay)
O gliobastoma é um tumor cerebral maligno e agressivo. O Hospital do Coração e departamento de imunologia da USP firmaram uma parceria e desenvolveram uma vacina para combater esse tipo de tumor cerebral. Baseado em estudos internacionais relacionados a imunoterapia, a vacila utiliza células dendríticas para ativar uma resposta mais eficaz do próprio sistema de defesa do paciente. Caso a pesquisa sobre a vacina mostre resultados positivos conta o combate do gliobastoma, o método pode complementar a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia, que são os tratamentos já utilizados contra o tumor.

A vacina já foi testada em estudos pré-clínicos por diversos pesquisadores em centros de excelência internacionais, comprovando que a imunoterapia é uma nova porta para a cura do câncer.

“A estratégia deles era ativar o sistema imunológico para que reconhecesse células tumorais e matasse as células tumorais. É um mecanismo de vigilância que a gente já tem no corpo, mas os cânceres são inteligentes e encontram meios de mascarar essa resposta imunológica e deixar o sistema imunológico meio que dormente para que elas sobrevivem e crescem. Esses pesquisadores viram que determinados marcadores nas superfícies das células podem ativar a resposta imunológica e desenvolveram alguns desses anticorpos voltados pra esses tipos de superfícies”, declarou Guilherme Lepski, neurocirurgião.

Um grande problema sobre a do gliobastoma é o auto poder de multiplicação, que dificulta o tratamento.

“Quando a gente parte para o tumor cerebral, a coisa fica mais complicada porque as células se reproduzem tão rápido que dificilmente aquelas células que tem mecanismos de defesa para esses anticorpos acabam sobrevivendo. É como se a teoria de evolução de Darwin se aplicasse para células individuais. Porque seres que se multiplicam muito rapidamente conseguem se adaptar melhor a um ambiente porque justamente tem mais chances de um individuo ou um grupo de indivíduos tenham uma característica que favoreçam a evolução. Isso com o tumor também acontece, porque um tumor que se multiplica muito rápido como o tumor maligno cerebral. Os mecanismos de ataque não conseguem ser tão eficazes porque alguma população de células vai suplantar e acabar desenvolvendo o tumor”, revela Lepski.

A vacina inova ao focar no combate através do sistema imunológico do paciente, ou seja, a vacina é capaz de induzir o sistema de defesa a reconhecer mais células cancerígenas e destruí-las.  Alguns autores reportaram o retrocesso do glioblastoma ao usar injeções de glóbulos brancos (linfócitosT), geneticamente modificados no cérebro dos pacientes. Com base nesta experiência, os pesquisadores brasileiros desenvolveram uma vacina celular semelhante, aprimorada em células dendríticas (células do sangue que apresentam os marcadores tumorais para o sistema imunológico).

O tratamento padrão é a retirada do tumor, seguida da quimioterapia oral e aproximadamente 30 sessões de radioterapia. A vacina é aplicada de duas a quatro doses a cada dois meses dentro do próprio consultório.

O glioblastoma é um tumor maligno cerebral primário que nasce das células da “glia”. A doença não é rara e sua incidência alcança 3,2 novos casos por ano a cada 100.000 habitantes, totalizando2% de todos os cânceres da população adulta e cerca de 27% de todos os tumores intracranianos e 80% dos tumores malignos intracranianos. “As manifestações clínicas incluem dor de cabeça, convulsões, náuseas, vômitos, fraqueza motora de um lado do corpo, transtorno de memória, atenção, linguagem ou ainda transtorno de personalidade”, disse Lepski.

O diagnóstico pode ser realizado por meio de exames de imagem e a análise definitiva só é possível através de uma biópsia ou ressecção do tumor. “E o tratamento desta neoplasia envolve o alívio dos sintomas, com melhoraria das funções neurológicas do paciente, além de priorizar a sobrevida e também a melhora da qualidade de vida”, relatou Dr. Lepski.

Fonte:
Jornal USP-USP desenvolve vacina para combater tumor cerebral
Hcor-HCOR DESENVOLVE VACINA QUE COMBATE O TUMOR CEREBRA

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