Procuradoria denuncia Geddel, Lúcio e a mãe por desvio de dinheiro da Câmara

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A famiglia Vieira Lima tinha uma legião de semi-escravos

Mateus Coutinho
O Globo

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge , denunciou nesta quarta-feira o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB), seu irmão e deputado federal  Lúcio Vieira Lima  (MDB) a mãe dos dois políticos, Marluce Vieira Lima  e outras cinco pessoas por suspeita de terem desviado o dinheiro do salário dos secretários parlamentares de Lúcio na Câmara. O episódio foi apurado em um dos desdobramentos do inquérito que levou à descoberta de malas com R$ 51 milhões encontradas em setembro do ano passado em um apartamento utilizado pela família em Salvador, segundo a PGR.

Em relação as malas de dinheiro, os irmãos já foram denunciados no ano passado por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Job Brandão, que trabalhou para a família por 27 anos e revelou os crimes não foi denunciado devido a sua colaboração.

EXPLORAÇÃO – Agora, Dodge aponta da denúncia que além dos crimes de corrupção já indicados na denúncia anterior, parte dos recursos que estavam no apartamento de Salvador veio do dinheiro dos vencimentos dos secretários parlamentares de Lúcio Vieira Lima que foram desviados pela família. Para a procuradora-geral, a família chegou a se apropriar de até 80% dos salários dos secretários Job Ribeiro Brandão, que colaborou com as investigações, Valério Sampaio Sousa Júnior, Cláudia Ribeiro Santana, Milene Pena e Paulo Cezar Batista.

Segundo a PGR, as investigações revelaram a existência de “funcionários fantasmas” no gabinete de Lúcio Vieira Lima, bem como a relação criminosa estabelecida a partir de indicações para cargos em comissão pelo parlamentar. De acordo com as provas coletadas ao longo da investigação, os assessores atuavam para atender interesses domésticos, pessoais e de negócios da família Vieira Lima, chegando a atuar na contabilidade das despesas da família, como motorista e até como cuidador.

FANTASMAS -“Outros funcionários moravam em cidades distantes de Salvador e de Brasília e, confessadamente, nunca exerceram qualquer função relacionada à Câmara dos Deputados, órgão que por anos os remunerou”, pontua a PGR em um dos trechos da denúncia.

Ao detalhar o crime de peculato, Raquel Dodge afirma que, apenas no caso de Job Ribeiro Brandão , foram desviados R$4,3 milhões ao longo de 27 anos, período em que, mesmo ocupando o cargo de secretário parlamentar, desenvolveu atividades privadas. Job foi nomeado pela primeira em 1989, para atuar para o pai de Lúcio e Geddel, Afrísio Vieira Lima e vinha prestando serviços para a família desde então, sendo exonerado só em 2017.

Com o avanço das investigações, o próprio Job Brandão confessou que parte de seu salário retornava à família Vieira Lima e que jamais exerceu as funções típicas de assessor parlamentar.

POR PROCURAÇÃO –  “Job tomou posse por procuração e nunca trabalhou nos gabinetes de Lúcio e de Geddel, em Brasília. Nunca trabalhou em sedes de partidos, nem em escritórios de apoio parlamentar no estado de origem (…) Não se dirigia nem interagia com o eleitorado ou lideranças políticas. Nunca teve sua jornada de trabalho ou frequência aferida ou informada à Câmara dos Deputados”, enfatizou a denúncia.

De acordo com a PGR, além das informações fornecidas pelo próprio Job, outras testemunhas ouvidas pelos investigadores confirmaram que o assessor parlamentar prestava serviços domésticos e ajudava a gerenciar os negócios da família vieira Lima.

OUTROS “ASSESSORES” – Na denúncia, a PGR detalha ainda que além de Job Brandão, Valério Sampaio Sousa Júnior e Cláudia Ribeiro Santana também foram nomeados como secretários parlamentares sem ter prestado nenhum serviço à Câmara dos Deputados.

No caso de Valério Júnior, a prática criminosa teria começado em 2010 e só terminado em 2017. No período, o prejuízo aos cofres públicos, segundo a denúncia, foi de R$ 646,7 mil. As investigações revelaram que entre 2010 e 2015, Valério Júnior morava e estudava em Vitória da Conquista (BA).

No caso de Cláudia Ribeiro, a Câmara dos Deputados gastou R$ 90,8 mil em salários, embora ela nunca tenha prestado serviço público. Residente em Teixeira de Freitas (BA), Claúdia – ao ser interrogada – não soube sequer dizer onde ficam os escritórios de representação do deputado Lúcio Vieira Lima.

MAIS DESVIOS – A denúncia relata, ainda, desvios de recursos públicos decorrentes das nomeações de Milene Pena Miranda (R$ 26 mil) e Paulo Cezar Batista (183,8 mil). Somados, os valores desviados no caso das nomeações indevidas ultrapassam R$ 5,2 milhões, segundo divulgou a PGR.

A denúncia será analisada pelo relator do caso no STF, o ministro Edson Fachin. A defesa da família Vieira Lima ainda não retornou o contato da reportagem.

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