Itamaraty nem tanto à esquerda, nem tanto à direita

Análise

Antídoto para política externa brasileira encontra-se no retorno a um realismo rigoroso.

Época – Marcelo O.Dantas

Em seu clássico “A Política entre as Nações”, Hans Morgenthau, um dos maiores pensadores das relações internacionais do século 20, ensina: “O realismo sustenta que princípios morais universais não podem ser aplicados às ações dos Estados em sua formulação abstrata, mas precisam ser filtrados pelas circunstâncias concretas do tempo e lugar. O indivíduo talvez possa dizer para si mesmo “Fiat justitia, pereat mundus – Faça-se a justiça, ainda que o mundo pereça”, mas o Estado não tem o direito de dizê-lo em nome daqueles que estão sob o seu cuidado”.

A lição de Morgenthau é indispensável ao Brasil de hoje. Durante os governos petistas, estivemos sob a ilusão de que a qualidade de nossa política externa decorria de seu crescente conteúdo ideológico. Esse idealismo progressista levou-nos a seguidos erros de avaliação do cenário internacional e ao desperdício sistemático de recursos. Encerrado o superciclo das commodities e esgotados os excedentes de poder que concedeu ao Brasil, pouco restou da diplomacia “ativa e altiva”, além de empréstimos que nunca serão pagos, escândalos em países amigos e a tênue miragem de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

O antídoto para semelhantes excessos encontra-se no retorno da política externa brasileira a um realismo rigoroso, centrado no interesse nacional. Precisamos nos ater aos fatos e “filtrar”, com objetividade e pragmatismo, todo idealismo abstrato, toda quimera ideológica. Semelhante lição deve ser aplicada tanto aos temas antes considerados de domínio exclusivo dos setores progressistas (ONU, meio ambiente, direitos humanos, integração regional, BRICS), quanto às questões de interesse do novo conservadorismo (EUA, Israel, antiglobalismo). Sem esse filtro, corremos o risco de naufragar no oceano de nossas próprias ilusões.

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