DataPoder360: Bolsonaro tem 26% e Haddad 22%; os 2 empatam no 2º turno

Ciro Gomes fica em 3º com 14%

Alckmin cai para 6%; Marina tem 4%

‘Não voto’ recua para apenas 15%

Levantamento mostra situação de empate técnico entre o militar e o petista no limite da margem de erro (2 pontos percentuais)Sérgio Lima/Poder360

FERNANDO RODRIGUES

Pesquisa DataPoder360 nos dias 19 e 20 de setembro de 2018 (últimas 4ª e 5ª feiras) indica que Jair Bolsonaro (PSL) tem 26% das intenções de voto para presidente. Fernando Haddad (PT) registra 22%.

Trata-se de situação de empate técnico no limite da margem de erro, que é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

 

Outro destaque desta rodada do DataPoder360 é a queda dos votos brancos, nulos e daqueles que dizem estar indecisos. Durante toda esta campanha o chamado “não voto” teve taxas altíssimas. Agora, caiu para 15%.

A pesquisa foi realizada com 4.000 entrevistas em todas as unidades da Federação. É o termômetro mais preciso e atual da corrida pelo Planalto. O registro na Justiça Eleitoral é BR-02039/2018.

Eis os resultados:

A pesquisa do DataPoder360 é realizada por meio de ligações para telefones celulares e fixos (a metodologia detalhada está no final deste post).

A metodologia não exclui nenhuma classe social. Cerca de 90% dos brasileiros têm acesso a telefone. O sistema faz discagens aleatórias e de maneira parametrizada para atingir comunidades de todas as classes sociais –pois cada telefone está atribuído a 1 CEP e assim é possível atingir áreas de alto, médio e baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

DataPoder360 não pesquisou em seus levantamentos anteriores uma combinação com os atuais 13 candidatos a presidente. Por essa razão, não é possível fazer a curva evolutiva para cada 1 deles.

É possível analisar, entretanto, o Agregador de Pesquisas do Poder360 e ver a curva de todos os candidatos na média das pesquisas de todas as empresas.

CIRO GOMES: FORTE COM 14%

O candidato do PDT mostra resiliência. Vá ou não para o 2º turno, terá relevância no processo até o final.

Em muitas eleições presidenciais brasileiras houve pelo menos 3 candidatos bem posicionados até a reta final do 1º turno. Eis exemplos recentes:

  • 2002 – no 1º turno, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve 46,4%. José Serra (PSDB), 23,2%. Anthony Garotinho (PSB), 17,9%. Ciro Gomes (à época no PPS) ficou em 4º lugar e teve 12% –em 2002 foi a última vez que o cearense disputou o Planalto;
  • 2010 – essa eleição teve 3 candidatos fortes. No 1º turno, Dilma Rousseff (PT) ficou com 47%. O tucano Serra teve 32,6%. E Marina Silva (então no PV) marcou 19,3%;
  • 2014 – novamente 3 nomes competitivos no 1º turno. Dilma marcou 41,6%. Aécio Neves (PSDB) teve 33,6%. Marina Silva (no PSB) ficou em 3º lugar com 21,3%.

Agora, em 2018, a duas semanas do pleito, parece que os 3 nomes fortes já estão definidos pelo eleitorado: Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT).

CERTEZA DO VOTO

Segundo o DataPoder360, já há ¾ dos eleitores que dizem ter certeza do voto. Os outros são os que tendem a votar em branco, nulo ou a não aparecer no dia 7 de outubro. Vai ficando cada vez mais difícil mudar o quadro.

Uma das formas de medir a cristalização do voto é o percentual que cada candidato tem de “votará com certeza”. Essa métrica é apurada pelo DataPoder360 quando se pergunta –depois de aplicar o cenário com os 13 nomes que disputam o Planalto– se o eleitor tem certeza de que vai votar no político escolhido no dia da eleição ou se ainda pode mudar de opinião.

No caso de Bolsonaro a taxa “votará com certeza” entre seus apoiadores é de expressivos 90%. Isso significa que é muito difícil para adversários tirarem votos do capitão do Exército na reserva.

Vale registrar: a pesquisa do DataPoder360 terminou no início da noite de 5ª feira (20.set.2018), quando o tucano Geraldo Alckmin já havia adotado o tom mais forte nos seus comerciais para tentar desconstruir a imagem de Bolsonaro.

O levantamento do DataPoder360 também já captou o noticiário negativo a respeito da recriação da CPMF caso Bolsonaro seja eleito –política que ele negou que vá adotar.

Por enquanto, mesmo sendo alvo de comerciais e noticiário negativos, Bolsonaro parece continuar sólido com seus 26% –sendo que 90% desses eleitores dizem já estar decididos a ir até o fim com o militar.

Só por curiosidade, mas não para comparação, no cenário de 24 a 27 de agosto do DataPoder360, ainda com Luiz Inácio Lula da Silva como candidato do PT, Bolsonaro pontuava 21%.

Outro candidato que tem pontuação sólida nesta rodada de agosto do DataPoder360 é Fernando Haddad, com seus 22%. Desses, 84% afirmam que não mudam mais de opinião e vão mesmo votar no candidato petista em 7 de outubro.

Obviamente, o DataPoder360 mede a “certeza do voto” para todos os candidatos a presidente. No caso dos que pontuam muito pouco faz pouca diferença se seus eleitores votam ou não com certeza neles –pois terão pouco impacto no resultado final do pleito.

ALCKMIN E MARINA: FRÁGEIS

Chama muito a atenção o caso de Geraldo Alckmin (PSDB). Ele tem a maior aliança partidária e o maior tempo no horário eleitoral. Ainda assim, o tucano tem só 6% de intenção de voto –e 25% desses eleitores cogitam abandoná-lo antes do 1º turno.

Marina Silva (Rede) pontua só 4%. Ocorre que 30% dos seus atuais seguidores dizem que podem mudar de opinião nas próximas duas semanas. Eis os dados:

SIMULAÇÕES DE 2º TURNO

DataPoder360 fez 4 testes de 2º turno. A opção foi simular o 1º colocado (Bolsonaro) contra os outros mais competitivos neste momento.

O militar fica à frente numericamente de Alckmin e de Marina, mas empatado na margem de erro da pesquisa.

Contra Haddad, o placar é de 43% para o petista e 40% para Bolsonaro. Há aí também uma situação de empate estatístico –a margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Já Ciro Gomes é o único, de acordo com o DataPoder360 que hoje venceria Bolsonaro num confronto direto de 2º turno: 42% a 36%. Não há empate nesse caso. O pedetista ganharia de maneira clara se a disputa fosse hoje.

Eis os dados:

VOTOS DOS DERROTADOS NO 2º TURNO

Há 1 cruzamento que é útil para entender quem poderá no 2º turno herdar votos dos candidatos derrotados.

Num hipotético 2º turno entre Bolsonaro e Haddad, o militar herdaria mais votos de Alckmin, Henrique Meirelles (MDB), João Goulart Filho (PPL), Cabo Daciolo (Patri), João Amoêdo (Novo) e Guilherme Boulos (Psol).

Para ficar nos candidatos de campanhas mais estruturadas e com maior pontuação, dos eleitores do tucano Alckmin, 47% dizem que votariam em Bolsonaro no 2º turno e só 19% iriam de Haddad.

No caso de Marina Silva, 30% votam em Haddad e 13% em Bolsonaro. Eis os dados:

VOTO POR GÊNERO

Outra tabela a ser considerada é a demografia do voto de Bolsonaro e Haddad quando o DataPoder360 faz a simulação de 2º turno.

Dá-se 1 fenômeno interessante na divisão do voto por gênero.

Num eventual 2º turno entre Haddad e Bolsonaro, o militar deixa de ter a grande assimetria entre eleitores homens e mulheres –suas taxas no segundo turno são 41% e 39%, respectivamente.

Na simulação de 1º turno Bolsonaro tem 32% entre homens e só 21% entre mulheres.

Eis os dados com a estratificação por sexo no 1º turno, que mostra Haddad também com 1 desempenho melhor no eleitorado masculino:

Agora, a divisão do voto para a simulação de 2º turno entre Bolsonaro e Haddad. Vale destacar o voto por região. O militar ganha nesse confronto direto com petista no Sul e no Centro-Oeste, empata no Sudeste e perde no Norte e no Nordeste. Eis os dados:

DEMOGRAFIA DO VOTO

Além de investigar o voto dividido por gênero, o DataPoder360 também estuda as variáveis por idade, renda familiar, nível de escolaridade e região.

Bolsonaro se dá melhor entre eleitores de 16 a 24 anos (31%), os de nível superior (40%), os da região Sul (36%) e Centro-Oeste (43%) e os que têm renda familiar de 5 a 10 salários mínimos (51%).

Haddad tem suas melhores pontuações com jovens de 16 a 24 anos (27%), eleitores com nível de escolaridade de nível fundamental (29%), os do Nordeste (32%) e os que não têm renda fixa na família (29%).

CONHEÇA O DATAPODER360

A operação jornalística que comanda o Drive e o portal de notícias Poder360 lançou em abril de 2017 sua divisão própria de pesquisas: o DataPoder360.

As sondagens nacionais são periódicas. O objetivo é estudar temas de interesse político, econômico e social. Tudo com a precisão, seriedade e credibilidade do Poder360.

Poder360 abastece também o agregador de pesquisas, que reúne todos os levantamentos de todas as empresas que investigam intenção de voto e divulgam seus dados.

Trata-se de ferramenta potente para pesquisadores ou leitores em geral que desejam estar informados sobre o atual processo eleitoral –além de poder observar o que disseram todas as pesquisas desde o ano 2000.

SAIBA QUAL É A METODOLOGIA

DataPoder360 faz suas pesquisas por meio telefônico a partir de uma base de dados com dezenas de milhões de números fixos e celulares em todas as regiões do país.

A seleção dos números discados é feita de maneira aleatória e automática pelo discador.

O estudo é aplicado por meio de 1 sistema IVR (Interactive Voice Response) no qual os participantes recebem uma ligação com uma gravação e respondem a perguntas por meio do teclado do telefone fixo ou celular.

Só são consideradas as ligações nas quais o entrevistado completa todas as respostas. Entrevistas interrompidas ou incompletas são descartadas para não produzirem distorções na base de dados.

Os levantamentos telefônicos permitem alcançar segmentos da população que dificilmente respondem a pesquisas presenciais. É muito mais fácil atingir pessoas em áreas consideradas de risco ou inseguras –como comunidades carentes em grandes cidades– por meio de uma ligação telefônica do que indo até as residências ou tentando abordar esses cidadãos em pontos de fluxo fora dos seus bairros.

“É importante levar em conta que cada empresa usa uma metodologia diferente em suas pesquisas. O que é relevante é adotar 1 método consistente, que leve em conta a demografia do eleitorado brasileiro e que faça as ponderações corretas. É isso o que fazemos no DataPoder360”, explica o cientista político Rodolfo Costa Pinto.

Qual a diferença entre uma pesquisa realizada por telefone e outra na qual o entrevistado é abordado na rua ou é procurado em sua residência?

“Estudos de intenção de voto com entrevistas presenciais têm suas características próprias, assim como as pesquisas telefônicas. Por exemplo, algumas pessoas podem se sentir mais à vontade para declarar seu voto olhando nos olhos do entrevistador. Outras se sentirão mais confortáveis fazendo isso ao telefone. Nenhum método é mais certo ou errado do que o outro. O importante é a consistência da metodologia e a possibilidade de repetir os estudos com frequência, pois a curva dos percentuais de cada candidato é que revela uma possível tendência, e não apenas 1 levantamento isolado e feito a cada 3 ou 4 meses”, explica Costa Pinto.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *