Quem foi Caio Fernando Abreu, escritor que completaria 70 anos hoje

Escritor, que completaria 70 anos, aparece em imagem do doodle no site de busca

Se estivesse vivo, Caio Fernando Abreu celebraria nesta quarta-feira 70 anos de idade. Em homenagem à data, o Google prestou um tributo ao escritor brasileiro no doodle de hoje – imagem animada que estampa o site de busca.

A silhueta magra do escritor aparece em destaque, com um livro nas mãos. Em seguida, surge a sombra de um dragão colorido, referência ao livro de contos Os Dragões Não Conhecem o Paraíso, lançado em 1988.

 Doodle em homenagem a Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu nasceu em 12 de setembro de 1948, na cidade de Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul. Chegou a estudar letras e artes cênicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mas abandonou os cursos e abraçou a carreira de jornalista.

Seu primeiro trabalho foi na redação da VEJA, em 1968. No mesmo ano, passou a ser perseguido pela ditadura militar, buscou refúgio na casa da colega de profissão Hilda Hilst, e deixou o país em 1973. Morou na França, Inglaterra e Espanha e retornou em 1974.

Seu primeiro romance publicado foi Limite Branco, em 1970 — escrito três anos antes, quando Abreu tinha 19 anos. Sua literatura ganhou força com o formato de contos de característica melancólica e romântica, que tratam sobre amor, morte, medo, sexualidade e solidão, temas que lhe renderam o apelido de “escritor da paixão”, por Lygia Fagundes Telles.

Fazem parte desta produção de contos as obras Inventário do Ir-remediável (1970), O Ovo Apunhalado (1975), Pedras de Calcutá (1977), Morangos Mofados (1982), Os Dragões Não Conhecem o Paraíso (1988) e Ovelhas Negras (1995) — os dois últimos, juntamente com a novela O Triângulo das Águas, lhe renderam três prêmios Jabuti.

Difíceis de serem encontrados nas livrarias, os contos de Abreu foram reunidos em uma compilação lançada este ano pela editora Companhia das Letras. Batizada de Contos Completos, a obra possui todos os livros de contos citados acima, além de dez textos avulsos.

 ‘Contos Completos’ reúne todos os contos escritos por Caio Fernando Abreu

Literatura

O livro mais relevante sobre Caio Fernando Abreu é  Para sempre teu, Caio F., lançado em 2009 por Paula Dip, escritora e amiga pessoal de Caio – na obra, a autora reúne cartas, bilhetes e particularidades que dividiu com o escritor, além de depoimentos de pessoas importantes na vida de Caio, como Cazuza, Ney Matogrosso, entre outros. Há ainda Caio Fernando Abreu: Inventário de um Escritor Irremediável, lançada no ano anterior por Jeanne Callegari, que usa técnicas de reportagem para cobrir a vida do escritor até sua morte.

Outra obra importante para conhecer mais sobre a personalidade do escritor gaúcho foi lançada em 2016, também por Paula Dip: Numa hora assim escura, a paixão literária de Caio F. e Hilda Hilst reúne correspondências inéditas trocadas entre a poeta paulista – uma das grandes influências literárias de Caio – e o autor gaúcho entre 1971 e 1991.

Há obras, no entanto, que revelam outras facetas de Caio: 360 Graus – Inventário Astrológico de Caio Fernando Abreu, lançado em 2011 pela astróloga Amanda Costa, traça um paralelo entre o campo astrológico e as tramas do autor, um apaixonado pelo misticismo. Já em Caio Fernando Abreu e o Cinema: O Eterno Inquilino da Sala Escura, o cineasta gaúcho Fabiano de Souza traça as relações entre o escritor e a sétima arte, área que também era de sua adoração.

– Nas aulas de literatura que dava, Caio sempre sugeria que seus alunos imaginassem como queriam que as cenas que estavam escrevendo fossem filmadas: em qual enquadramento, com qual movimento, sob que ponto de vista. Apesar de nunca ter feito filmes, ele achava que a imagem da câmera sobre os personagens ajudava a montar uma cena – conta a escritora Paula Dip.

Cinema

O cinema era não só uma paixão de Caio, mas uma influência. Não à toa, muitas de suas obras geraram produções audiovisuais. Em 2016, um evento intitulado Semana Caio Mon Amour, com curadoria de Paula Dip, reuniu uma série de obras relacionadas ao escritor – entre os filmes, uma série de curtas foram exibidos: Dama da Noite (1999), de Mario Diamante; Pela Passagem de Uma Grande Dor (2006), de Bruno Polidoro; Linda, Uma História Horrível (2013), de Bruno Gularte Barreto e Bruno Polidoro; Para Sempre Teu, Caio F. (2014), de Candé Salles e Onde Andará Dulce Veiga (2008), de Guilherme de Almeida Prado.

Outro curta baseado em obra de Caio bastante respeitado é A Visita, com direção de Gilberto Perin, que foi exibido como atração do programa Curtas Gaúchos, da RBS TV.

Mas uma das obras cinematográficas mais relevantes relacionadas a Caio Fernando Abreu, no entanto, é Sobre Sete Ondas Espumantes (2013), documentário de Bruno Polidoro que usa trechos de obras e depoimentos de pessoas relacionadas ao escritor para mostrar lugares que fizeram parte de sua produção literária.

Teatro

Para comemorar os 70 anos de nascimento do autor, uma das peças mais conhecidas entre as baseadas na obra de Caio terá montagem no prédio 40 da PUCRS: Caio do Céu, montagem da Cia. de Solos & Bem Acompanhados, estrelada por Deborah Finocchiaro, parte de textos, cartas e entrevistas do autor para reconstruir dramaticamente o seu universo criativo.

Há outras peças, baseadas ou inspiradas em textos do autor, que se tornaram referência entre os fãs do gaúcho de Santiago: a performance Dama da Noite, de Gilberto Gawronski; o espetáculo de dança Graxa, com Diogo Granato e Henrique Lima; e a peça O Homem e a Mancha: Releitura Drama Multimídia, de Marcos Breda e Luis Artur Nunes, foram exemplos recentes de homenagens a Caio Fernando Abreu que ganharam montagens.

Caio Fernando Abreu morreu no dia 25 de fevereiro de 1996, aos 47 anos, em Porto Alegre, por complicações decorrentes do vírus HIV.

Um comentário sobre “Quem foi Caio Fernando Abreu, escritor que completaria 70 anos hoje

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