‘Abandonamos os pequenos’, lamenta o papa sobre abuso sexual

Em carta aos fiéis, Papa Francisco lamenta os casos de abuso sexual cometidos por padres católicos contra mais de mil crianças na Pensilvânia

‘Abandonamos os pequenos’, lamenta o papa sobre abuso sexual
‘Nós negligenciamos e abandonamos os pequenos’, lamentou o pontífice (Foto: Calixto N. Llanes/Flickr)

O Papa Francisco escreveu uma carta direcionada aos fiéis lamentando o recente escândalo de abuso sexual envolvendo a Igreja Católica, que foi revelado nos Estados Unidos na última semana. O Vaticano já havia se pronunciado sobre o assunto e, nesta segunda-feira, 20, foi a vez do pontífice entrar em contato com os fiéis.

Há quase uma semana, o Supremo Tribunal do estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, revelou um documento, com mais de 900 páginas, expondo o abuso sexual de mais de mil pessoas ao longo de 70 anos. Os crimes foram cometidos por mais de 300 padres da Igreja Católica.

“Com vergonha e arrependimento, como comunidade eclesial, assumimos que não soubemos estar onde deveríamos estar, que não agimos a tempo para reconhecer a dimensão e a gravidade do dano que estava sendo causado em tantas vidas. Nós negligenciamos e abandonamos os pequenos”, escreveu o papa.

Em diferentes momentos do documento, o Papa Francisco destacou a dor das vítimas. O pontífice admitiu e lamentou o erro cometido pela Igreja Católica ao longo dos anos, mas pediu união aos fiéis e aos religiosos.

“Hoje queremos que seja a solidariedade, entendida no seu sentido mais profundo e desafiador, a tornar-se o nosso modo de fazer a história do presente e do futuro, num âmbito onde os conflitos, tensões e, especialmente, as vítimas de todo o tipo de abuso possam encontrar uma mão estendida que as proteja e resgate da sua dor”, destacou no documento.

O pontífice pede para que os fiéis e os religiosos não esqueçam este ou outros episódios ocorridos, mas que aprendam e vivenciem os erros, reconhecendo “pecados e erros do passado”. “É imperativo que nós, como Igreja, possamos reconhecer e condenar, com dor e vergonha, as atrocidades cometidas por pessoas consagradas, clérigos, e inclusive por todos aqueles que tinham a missão de assistir e cuidar dos mais vulneráveis”.

Para exemplificar o conceito de união, o Papa Francisco usa uma passagem bíblica que aparece em 1 Coríntios 12:26, atribuída a São Paulo. “Um membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele”, afirma. Por fim, o pontífice solicita que todos peçam perdão e garante que a Igreja Católica vai apoiar todas as medidas judiciais que sejam necessárias.

“Que o jejum e a oração despertem os nossos ouvidos para a dor silenciada em crianças, jovens e pessoas com necessidades especiais. Jejum que nos dá fome e sede de justiça e nos encoraja a caminhar na verdade, dando apoio a todas as medidas judiciais que sejam necessárias. Um jejum que nos sacuda e nos leve ao compromisso com a verdade e na caridade com todos os homens de boa vontade e com a sociedade em geral, para lutar contra qualquer tipo de abuso de poder, sexual e de consciência”, escreveu o papa.

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