Presidenciáveis terminam dia de campanha de mãos dadas cantando Raul Seixas

Sem Bolsonaro, sete presidenciáveis tentaram atrair o voto feminino

Candidatos e candidatas dão as mãos ao som de Raúl Seixas – Marcos Alves / Agência O Globo

POR DIMITRIUS DANTAS

SÃO PAULO – O primeiro dia de campanha dos candidatos a presidente terminou de forma inusitada: sete deles de mãos dadas, balançando pra lá e pra cá, tentando adivinhar de supetão versos da música Prelúdio, de Raul Seixas: “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, sonho que se sonha junto é realidade”. A cena se deu ao término da sabatina realizada pelo grupo Mulheres do Brasil, liderado pela empresária Luiza Helena Trajano. Com boa parte do eleitorado indeciso e a maior parte desse grupo composto pelo voto feminino, os presidenciáveis aproveitaram para inaugurar suas campanhas com um aceno às mulheres, prometendo atenção especial a elas e, entre outras coisas, equilíbrio de gênero na formação de seus ministérios.

Marina Silva, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, Henrique Meirelles, João Amoedo e Vera Lúcia marcaram presença. Segundo a organização do evento, a sabatina focada no público feminino convidou outros candidatos, inclusive Jair Bolsonaro, que disse que não poderia comparecer porque iria se preparar para o debate presidenciável desta sexta-feira, na RedeTV!.

A sabatina foi dividida em três partes: na primeira, os candidatos responderam como iriam lidar com a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Na segunda parte, cada um respondeu sobre um tema diferente, como educação e emprego. Por fim, os sete presentes fizeram suas considerações finais.

Todos fizeram aceno ao público feminino, elogiando as mulheres e moldando seus discursos. Alckmin e Ciro Gomes fizeram questão de lembrar que suas companheiras de chapa são mulheres: Ana Amélia Lemos, vice de Alckmin, e Kátia Abreu, vice de Ciro.

O senador Álvaro Dias, por sua vez, destacou que a presidente de seu partido, o Podemos, é uma mulher, a deputada federal Renata Abreu e que, por isso, era comandado por uma mulher e repetiu sua tese de “refundação da república”.

— Gosto muito de trabalhar com as mulheres. Eu aceito o comando das mulheres. Se for presidente da República terei ao meu redor muitas melhores. Ajudando a refundar a República — disse.

Em suas falas, Ciro Gomes e Henrique Meirelles prometeram buscar o equilíbrio de gênero na formação de seus ministérios, no caso do primeiro, e nos conselhos de administração, na proposta do segundo. Em sua fala, o ex-ministro da Fazenda durante o governo Michel Temer atacou indiretamente grupos que justificam que mulheres recebam menos que homens:

— É incrível que no século 21 ainda estejamos discutindo situações como alguns segmentos propondo o absurdo que mulher deve ganhar menos que homem — disse.

— Nas duas ocasiões (quando foi prefeito e governador), procurei colocar metade das mulheres em meu governo. Perseguirei metade das mulheres na minha equipe de Presidente da República — disse.

Ao falar sobre emprego, Ciro Gomes citou os 63 milhões de endividados no Brasil, número que planeja diminuir com um programa de refinanciamento das dívidas diretamente com o governo.

A sabatina foi realizada com todos os candidatos simultaneamente no palco. No entanto, a organização afirmou que não haveria réplicas ou tréplicas. Segundo o Mulheres do Brasil, a ideia era realizar um diálogo entre os candidatos, não um embate. Em suas considerações finais, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin brincou com a falta de embates:

— Apenas as mulheres para conseguirem fazer um debate com tanta urbanidade — disse, arrancando risos da plateia.

A “fraternidade” no debate também foi destacada pela candidata Marina Silva, que disse que as mulheres tem facilidade de cuidar. Ao falar de educação, a ambientalista lembrou sua própria história de vida e sua alfabetização aos 16 anos.

— As mulheres podem fazer essa diferença e por isso eu estou aqui pela terceira vez.

Outra mulher na campanha, a candidata Vera Lúcia, do PSTU, defendeu a reestatização de todas as estatais que foram privatizadas e o fim do pagaemento da dívida pública.

— Queremos o direito de trabalhar. Aqui tem que perder é rico porque nós os pobres não aguentamos mais – disse.

Em sentido oposto, o liberal João Amoedo, do Partido Novo, defendeu mais liberdade econômica para aumentar a participação das mulheres no mercado de trabalho.

— Primeiro, é liberdade. A segunda coisa é educação. Especialmente, a educação básica para protagonismo da mulher. Tanto na política, quanto nos negócios.

Todos candidatos receberam um livro e um peso de mesa. Por fim, Luiza Trajano convocou todos a cantarem a música de Raul Seixas que é símbolo do grupo Mulheres do Brasil.

Prelúdio – Raul Seixas

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