Flip: Público de várias ‘quebradas’ garantiu diversidade nas ruas

Questão racial norteou debates tanto ou mais quanto na edição passada

Movimento na cidade na manhã do quarto dia da Festa Literária de Paraty Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Movimento na cidade na manhã do quarto dia da Festa Literária de Paraty – Márcia Foletto / Agência O Globo

POR BOLÍVAR TORRES / FLAVIA MARTIN / JAN NIKLAS / LUIZA BARROS / SILVIO ESSINGER E ANA CAROLINA SANTOS

PARATY – Para responder às críticas de falta de diversidade na programação, a Flip escalou, em 2017, 30% de autores negros, num ano que homenageou Lima Barreto. Pelas ruas, aquela curadoria se refletiu em um público bem mais diverso do que nos anos anteriores. Agora, a proporção de convidados negros foi menor, mas a questão racial norteou os debates tanto ou mais quanto na edição passada. Nas mesas, nomes como Djamila Ribeiro, Igiaba Scego, Colson Whitehead, Geovani Martins e Alain Mabanckou falaram sobre racismo, representatividade, a crise dos refugiados, violência policial, entre outros assuntos ligados à pauta.

— Desde o começo, queríamos que os autores estivessem na programação para falar dos mais diversos assuntos. Os autores negros não necessariamente falaram da questão racial, e alguns brancos, como (a portuguesa nascida em Moçambique) Isabela Figueiredo, falaram disso — complementou a curadora da Flip, Joselia Aguiar.

De forma geral, o público sentiu que a diversidade se manteve nas ruas, reforçada pela programação paralela (como a da Casa Insubmissa de Mulheres Negras).

Para o produtor paulistano Douglas Barbosa, 30 anos, que acompanhou as duas últimas edições da festa, há mais negros no público do que nos anteriores:

— Acho que isso é reflexo do fato de que no ano passado o homenageado foi o Lima Barreto. Também acho que a programação paralela está bem mais diversa e, com isso, ela abarca a população negra.

Enquanto conversava com a reportagem, ele encontrou amigos de Ermelino Matarazzo, bairro da Zona Leste de São Paulo.

— Tá vendo? Essa é prova. Até a galera da minha quebrada veio.

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