Por Cora Coralina
“Meu companheiro de vida será um homem corajoso de trabalho,? servidor do próximo,? honesto e simples, de pensamentos limpos.?Teremos padarias e muitos filhos. Cada nascer de um filho?será marcado com o plantio de uma árvore simbólica.? A árvore de Paulo, a árvore de Manoel, ?a árvore de Ruth, a árvore de Roseta.
Seremos alegres e estaremos sempre a cantar. Nossas padarias terão feixes de trigo enfeitando suas portas,?teremos uma fazenda e um Horto Florestal.? Plantaremos o mogno, o jacarandá,? o pau-ferro, o pau-brasil, a aroeira, o cedro.? Plantarei árvores para as gerações futuras. Meus filhos plantarão o trigo e o milho, e serão padeiros.
Terão moinhos, serrarias e panificadoras.? Deixarei no mundo uma vasta descendência de homens ?e mulheres, ligados profundamente ?ao trabalho e à terra que os ensinarei a amar. E eu morrerei tranquilamente dentro de um campo de trigo ou ?milharal, ouvindo ao longe o cântico alegre dos ceifeiros.
Eu voltarei… ?A pedra do meu túmulo? será enfeitada de espigas de trigo? e cereais quebrados, ?minha oferta póstuma às formigas ?que têm suas casinhas subterran?eas e aos pássaros cantores ?que têm seus ninhos nas altas e floridas ?frondes. Eu voltarei…”
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas ou Cora Coralina, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi poeta e contista brasileira. Produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás. Começou a escrever poemas aos 14 anos, porém, publicou seu primeiro livro em 1965, aos 76 anos.