Gustavo Schmitt
O Globo
Emílio Odebrecht, patriarca da empreiteira, deu mais um sinal de reaproximação com seu filho Marcelo Odebrecht. Em carta ao juiz Sergio Moro, Emílio afirma que autorizou a reforma no Sítio de Atibaia, frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem o conhecimento de Marcelo. A declaração ocorre um ano após Emílio prestar o primeiro depoimento a Moro. Na ocasião, ele não manifestava preocupação explícita de poupar o primogênito.
O documento foi anexado, na noite desta quarta-feira, no processo em que o ex-presidente é acusado de se beneficiar de reformas feitas no no sítio, no valor de R$ 1, 05 milhão, pelas empreiteiras como Odebrecht, OAS e pelo pecuarista José Carlos Bumlai.Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por um tríplex no Guarujá e cumpre pena desde 7 de abril na sede da Polícia Federal em Curitiba.
AMIGO DE LULA – Na mensagem, Emílio reitera que a relação com o ex-presidente Lula nunca contou com nenhuma interferência do filho:
“As mencionadas benfeitorias no sítio foram realizadas com minha autorização, sem qualquer participação de Marcelo. Após receber, via Alexandrino Alencar (ex-executivo da empreiteira), o pedido a ele realizado por Marisa Letícia, autorizei e determinei a execução das referidas obras com os recursos humanos e financeiros advindos da CNO (Construtora Norberto Odebrecht) em São Paulo e, para tanto, não consultei previamente qualquer outro executivo da Odebrecht, nem mesmo avisei Marcelo sobre o pedido”.
BRIGALHADA – Emílio e Marcelo tem relação conturbada. Eles chegaram a romper relação durante as tratativas de colaboração premiada da empresa. Marcelo teria se sentido injustiçado com o acordo. Recentemente, porém, pai e filho têm feito movimentos de reaproximação. Em abril, eles divulgaram um comunicado conjunto em que prometiam preservar a empresa. Mas desde que deixou a prisão em dezembro, Marcelo trava uma guerra nos bastidores contra executivos da cúpula da Odebrecht.
A carta tem data da última quarta-feira. A declaração foi feita por Emílio poucas semanas após Marcelo derrubar o executivo Newton Souza, que deveria ocupar a presidência do conselho de administração da empresa, segundo o jornal Folha de S.Paulo. O conselho é a instância de decisão mais importante da empresa.