COM A EUROPA FURIOSA COM TRUMP, PUTIN APROVEITA PARA PROMOVER A RÚSSIA

Presidente tem se aproximado de aliados populistas e projetado país no continente

Presidente Vladimir Putin conversa com chanceller da Áustria, Sebastian Kurz em Viena Foto: LEONHARD FOEGER / REUTERS

POR STEVEN ERLANGER E NEIL MACFARQUHAR, DO ‘NEW YORK TIMES’

BRUXELAS — O presidente russo Vladimir Putin chegou à Áustria na terça-feira deta semana sentindo uma oportunidade quase inimaginável há alguns meses: restaurar as relações frias com uma União Europeia (UE) enfurecida pelo presidente Donald Trump em uma série de questões, começando pelo clima e o Irã e atingindo, mais recentemente, tarifas e comércio.

Não importa que Putin tenha sido até recentemente um pária na Europa depois de suas intervenções militares na Ucrânia, na Crimeia e na Síria; depois de ser acusado de se intrometer em eleições europeias em favor de populistas de direita; depois de poluir o ambiente político com notícias falsas; e depois de supostamente mandar envenenar um ex-espião russo e sua filha na Grã-Bretanha, acusações que a Rússia nega.

Putin está agora ganhando considerável força ao se tornar um amigo confiável e parceiro comercial para a Europa, enquanto o governo Trump está tratando seus aliados como concorrentes estratégicos e econômicos.

— Não é nosso objetivo dividir alguém na Europa. Pelo contrário, queremos ver uma UE unida e próspera, porque ela é nossa maior parceira comercial e econômica. Quanto mais problemas houver na União Europeia, maiores serão os riscos e incertezas para nós — disse Putin em uma entrevista na televisão antes da viagem a Viena.

Embora tenha cuidado para não se gabar, Putin teria razão em estar satisfeito com a recente virada dos acontecimentos. Muitas vezes rejeitado como um tático e oportunista, ele se parece mais com um grande estrategista — enquanto isso, Trump rejeita sem rodeios as exigências europeias de suspensão daquilo que Bruxelas considera tarifas ilegais e unilaterais sobre aço e alumínio.

Partidos simpáticos à Rússia estão no poder na Grécia, na Hungria, na Itália e na Áustria. A perspectiva de Putin alcançar o objetivo imediato de se livrar das sanções econômicas impostas pela União Europeia nos últimos anos de repente, parece ao alcance, mesmo sem uma solução para os problemas na Ucrânia. Nos últimos dias, com a aproximação da reunião do G7, que reúne as sete maiores democracias desenvolvidas do mundo, Trump teve telefonemas mal-humorados sobre a questão tarifária com o presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra britânica, Theresa May.

Essas tensões serão exibidas neste fim de semana na reunião do G7 no Canadá. Aquela reunião normalmente dominada pelos americanos provavelmente mostrará um Trump isolado na questão do comércio. Essas divisões internas provavelmente divertem Putin, que viu a Rússia “suspensa” do que era o G8 após a anexação da Crimeia, em 2014, mas que agora vê uma paisagem muito mais acolhedora na Europa.

A Áustria, oficialmente neutra, sempre teve laços estreitos com Moscou e assume a presidência rotativa da União Européia no próximo mês. O jovem chanceler da Áustria, Sebastian Kurz, recusou-se a expulsar diplomatas russos após o envenenamento do ex-espião Sergei V. Skripal e sua filha Yulia, que o Reino Unido atribuiu a Moscou.

POPULISTAS ALIADOS

A Liga de extrema direita da Itália — agora no governo — assinou no ano passado um acordo com o Rússia Unida, partido de Putin. O líder da Liga, Matteo Salvini, agora vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, falou sobre sua admiração por Putin e seu desejo de pôr fim às sanções contra a Rússia.

Presidente russo se aproxima de governos populistas que crescem na europa: Rússia é acusada de financiar alguns políticos desse espectro no continente – LEONHARD FOEGER / REUTERS

O novo primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, disse ao Senado italiano na terça-feira que é hora de “uma abertura para a Rússia”, que ele disse ter “reforçado sua posição” em várias crises internacionais. Ele pediu a suspensão de sanções contra a Rússia, que afirma prejudicar a “sociedade civil russa”.

A admiração de Putin é real também na Frente Nacional francesa, de extrema-direita, e no governo de esquerda da Grécia. Há fortes suspeitas de que todos esses partidos se beneficiam de financiamento russo, de acordo com agências de inteligência ocidentais.

A Áustria é claramente uma porta de entrada amigável para Moscou. Putin disse que os dois países mantêm “relações muito boas e próximas”, acrescentando que a Áustria era tradicionalmente um “parceiro confiável da Rússia na Europa”.

— Queremos ser uma ponte entre o Oriente e o Ocidente e manter as linhas de comunicação com a Rússia abertas — disse Kurz.

Stefan Lehne, um ex-diplomata austríaco, afirma que a simpatia do país pela Rússia vem de décadas, baseada na história de neutralidade, interesses econômicos, pragmatismo e um “elemento antiamericano”, a visão de que “todas as grandes potências se comportam da mesma forma”. Ele observou que Putin havia sido convidado para visitar a Áustria meses depois da anexação da Crimeia. Mas até agora, ressaltou, a Áustria aderiu ao consenso europeu em relação a sanções contra Moscou por causa da questão ucraniana. Com a Itália e a Grécia pressionando para acabar com elas, isso pode não continuar.

FIM DA DEMONIZAÇÃO

Putin claramente gostaria de pôr fim a seu isolamento. Em seu atual mandato como presidente, Putin tem dois objetivos claros, disse Dmitri Trenin, diretor do Centro Carnegie de Moscou, uma instituição de pesquisa.

— Primeiro, manter a Rússia unida e isso é um trabalho difícil. Segundo, fazer da Rússia uma grande potência novamente, além de ser vista assim — disse Trenin na semana passada em uma conferência na Estônia.

Para atingir esses objetivos, no entanto, “você precisa de sucesso econômico”. E, para isso, Putin precisa de financiamento europeu, mercados de energia e tecnologia, afirma Trenin.

Não são apenas os populistas da Europa que buscam laços mais fortes com a Rússia. Na semana passada, Jean-Claude Juncker, o presidente da Comissão Européia, pediu o fim da demonização da Rússia.

— Temos que nos reconectar com a Rússia — disse Juncker.

Tanto a chanceler Angela Merkel, da Alemanha, quanto Macron visitaram a Rússia no final de maio para discutir a salvação do acordo nuclear com o Irã, abandonado pelos Estados Unidos. E Macron, sem nomear diretamente Trump, reclamou em uma conferência em São Petersburgo dos danos causados pelo governo americano ao comércio mundial.

Macron, o convidado de honra, foi particularmente efusivo ao evocar os laços históricos e culturais que unem a Rússia ao resto da Europa. Merkel, que tem poucas ilusões sobre Putin e tem sido vital para manter sanções econômicas contra a Rússia, também considera a si mesma e a seu país um alvo específico de Trump. Além das tarifas sobre aço e alumínio, que a Alemanha pode suportar, ele agora está ameaçando tarifas unilaterais sobre carros importados.

Muitos governos europeus continuam profundamente preocupados com a intromissão russa em suas políticas internas, da disseminação de informações falsas nas mídias sociais até a promoção da extrema-direita. Ainda assim, a Rússia está ciente do fato de que Trump criou uma oportunidade repentina para eles.

Vladimir Chizhov, o embaixador russo na União Européia, disse na terça-feira:

— Estou observando de perto como a situação evolui e quando o volume necessário de vontade política estiver presente — tendência que observo — então a UE talvez tome a decisão necessária para mudar seu rumo — disse ele.

2 comentários sobre “COM A EUROPA FURIOSA COM TRUMP, PUTIN APROVEITA PARA PROMOVER A RÚSSIA

  1. O habilidoso Vladimir Putin depois de suas intervenções militares na Ucrânia, na Crimeia e na Síria e cogitado para umas reuniões com países da Europa enfurecidos com politica de isolamento e austeridade de Trump, e isso amigo uma profecia que se cumpre, par que o rumo destes governos agora passe para agende militar e econômica da Rússia, assim sociedade EURASIANA c colocou aguem habilidoso para liderar as nações no mundo, eu venho falando isso a, mas de 10 anos e muitos me ignoram a gora ai esta fatos e só o começo. Uma aliança com Rússia ficara cada vez, mas forte trazendo aliados importantes que filmaram o pacto do aço e oitava economia do mundo se emergindo do seu antigo flagelo, e com isso se colocando novamente como poderosa Rússia do tempo do fim, e não o fim…

  2. O habilidoso Vladimir Putin depois de suas intervenções militares na Ucrânia, na Crimeia e na Síria e cogitado para umas reuniões com países da Europa enfurecidos com politica de isolamento e austeridade de Trump, e isso amigos uma profecia que se cumpre. Com isso o rumo destes governos agora passa para agende militar e econômica da Rússia, assim sociedade (EURASIANA) que colocou Putin um habilidoso politico para liderar as nações no mundo, eu venho falando isso há 10 anos, e muitos me ignoram, ai esta os fatos e isso só seria o começo. Uma aliança com Rússia destinada dominar oriente médio, mas forte trazendo aliados importantes que filmaram o pacto do aço com a oitava cabeça do mundo se emergindo do seu antigo flagelo, sim da antiga União Soviética. Hoje a Rússia se coloca novamente como poderosa Rússia do tempo do fim, e não o fim, pois habilidade do líder mundial esta as portas para resolver problemas políticos o que colocou novamente à Rússia nos trilhos, esse tempo que vai amadurecendo sem precedentes…

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