José Carlos Werneck
As estratégias da defesa de Lula, agora sob o comando do veterano advogado Sepúlveda Pertence, ex-presidente do Supremo, são calculadas milimetricamente e com grande sutileza. O pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça foi feito propositalmente antes do recesso do Judiciário. Prova dessa inteligente tática é que os advogados do petista já tinham conhecimento que o pedido de liminar seria julgado ou pela presidente do STJ, ministra Laurita Vaz, ou pelo seu vice-presidente, Humberto Martins. Coube ao ministro vice-presidente apreciar e indeferir a liminar.
Tudo isso ocorreu exatamente como previam e desejavam os advogados do ex-presidente. O indeferimento de Martins levou o pedido para ser julgado pela Quinta Turma do STJ, que examina os casos relacionados à Lava Jato, tendo o ministro Felix Fischer como relator. O próprio Partido dos Trabalhadores já tinha certeza de que o habeas corpus seria indeferido, e isto fazia parte da estratégia de defesa.
CÂMARA DE GÁS – Os integrantes do PT chamam a Quinta Turma do STJ de “Câmara de Gás”, pela seriedade e rigor de suas decisões. A inteligente manobra, no entanto, foi entrar com um pedido no STJ para que uma decisão do Tribunal, mesmo desfavorável, forçasse o Supremo a decidir na sequência.
São nessas fichas que o PT aposta”, afirma um importante membro do partido e admirador incondicional de Lula. Os petistas são unânimes em reconhecer que no Supremo encontram-se as últimas chances do ex-presidente de escapar da cadeia.
Nas próximas semanas, os advogados de Lula vão rasgar a fantasia e intensificar ainda mais as investidas do partido ao STF, contra as quais Cármen Lúcia, do alto do cargo mais importante do Judiciário da República precisa se manter inexpugnável.
MINISTROS PRESSIONAM – Apesar das inconvenientes e descabidas pressões de alguns de seus colegas de Tribunal, mais interessados em mesquinhas conveniências pessoais, hoje a presidente do STF representa a resistência moralizadora e imprescindível para preservar a dignidade de nossa mais alta Corte de Justiça.
É o momento de o Supremo Tribunal Federal crescer perante seus jurisdicionados e se portar menos como uma soma de individualidades e mais como um colegiado, guardião da Constituição.
Se assim o fizer, o Brasil e a Democracia agradecerão.