Mais de 150 milhões de meninas correm o risco de serem submetidas a casamentos forçados até 2030 se não forem acelerados os progressos em algumas regiões do mundo, alertou a UNICEF na terça-feira (6).

“Dado o forte impacto que o casamento infantil pode ter na vida de uma garota, vemos qualquer redução como uma boa notícia, mas ainda temos um longo caminho a percorrer”, declarou a assessora principal da UNICEF em matéria de gênero, Anju Malhotra.

A maior queda nas estatísticas de casamentos infantis foi registrada na última década na Ásia meridional, onde, segundo a agência especializada das Nações Unidas, “o risco de uma menina casar antes de completar 18 anos foi reduzido em mais de um terço, de quase 50% para 30%”.

A UNICEF atribui o resultado ao progresso na Índia, especialmente no que respeita o aumento nas estatísticas do número de meninas que recebem educação, aos investimentos do governo e às mensagens difundidas sobre a ilegalidade do casamento infantil.

Pelo contrário, na África subsaariana, a situação se agravou: “Quase uma em cada três” das meninas que casaram recentemente são originárias de lá, “em comparação com o que ocorria há dez anos, quando era só uma em cada cinco”, destacou a organização.

Contudo, a UNICEF afirma que a Etiópia, nos últimos dez anos, passou de estar entre os cinco países com maior índice de casamentos infantis da África subsaariana para registrar uma queda de um terço na prevalência destas uniões.

“Para cada casamento infantil que se evita, se oferece a uma menina a oportunidade de desenvolver seu potencial”, acrescentou Malhotra, salientando que sejam “redobrados os esforços de forma coletiva, a fim de impedir que esta horrível prática continue a tirar da infância milhões de meninas”.

Nesse contexto, ela frisou que, para eliminar a prática até 2030, “é necessário acelerar o processo consideravelmente”. A UNICEF calcula que atualmente cerca de 650 milhões de mulheres de todo o mundo casaram quando eram crianças.

Ciberia, Lusa // ZAP