Primo do governador, secretários e oficiais serão presos em Mato Grosso

Paulo Taques deixa o Centro de Custódia de Cuiabá (Foto: TVCA/Reprodução)

Paulo Taques é um dos envolvidos na corrupção

Denise Soares
G1 MT

Nove pessoas foram alvos de uma operação na manhã de quarta-feira (dia 27) em Cuiabá e em Várzea Grande, na região metropolitana da capital, em uma ação policial que investiga o esquema de grampos clandestinos em Mato Grosso. As prisões e busca e apreensão foram decretadas na terça-feira (dia 26) pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Orlando de Almeida Perri, atendendo a um pedido da delegada da Polícia Civil, Ana Cristina Feldner, que investiga o esquema dos grampos.

Tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça: coronel Airton Siqueira (secretário de Justiça e Direitos Humanos), coronel da PM Evandro Alexandre Lesco, Helen Christy Carvalho Dias Lesco (mulher de Lesco), Paulo Taques (ex-secretário chefe da Casa Civil e primo do governador de Mato Grosso), Rogers Jarbas (secretário estadual de Segurança Pública), sargento João Ricardo Soler, major Michel Ferronato e o empresário José Marilson.

OPERAÇÃO ESDRAS – De acordo com a Polícia Civil, a ‘Operação Esdras’ deve cumprir 9 mandados de prisão, 15 mandados de busca e apreensão e um mandado de condução coercitiva.

As medidas cautelares são contra dois advogados. A condução coercitiva é contra o corregedor-geral da PM, coronel Carlos Eduardo Pinheiro da Silva. O alvos da operação ainda não se posicionaram sobre a operação. O governo de Mato Grosso também não se pronunciou. A central clandestina vigorou entre 2014 e 2015 e era operado pela Polícia Militar em Mato Grosso. O “escândalo dos grampos” veio à tona em uma matéria divulgada pelo Fantástico em maio deste ano.

Segundo a Polícia Civil, a Operação Esdras, em hebraico, significa ajudador. É um livro bíblico que conta a história de um escriba e de pessoas fiéis e diligentes que venceram a oposição e a resistência para reconstruir o templo de Deus e restaurá-lo a sua antiga glória.

GRAMPOS – O esquema foi denunciado à Procuradoria-Geral da República pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, que foi secretário de Segurança em 2015. Ele diz que recebeu denúncia do caso naquele ano e que alertou o governador Pedro Taques.

Agora, a PGR investiga se Taques sabia do crime e de quem partiu a ordem para as interceptações. O governador, por sua vez, nega que tinha conhecimento sobre o caso.

Segundo consta na denúncia, pelo menos 80 pessoas tiveram as conversas grampeadas no período em que o esquema funcionou. Entre elas políticos de oposição ao atual governo de Mato Grosso, advogados, médicos e jornalistas. Os telefones foram incluídos indevidamente em uma investigação sobre tráfico de drogas que teria o envolvimento de policiais militares. O resultado dessa investigação, porém, não foi informado pelo governo até hoje.

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