Boas práticas de comunicação recomendam cautela no uso de frases de efeito

Além de servir para alimentar a imprensa e reverberar ruidosamente nas redes sociais, falas ditas impulsivamente costumam ser disfuncionais e causar prejuízo à reputação do autor e da instituição a que pertence

 POR PATRICIA MARINS E MIRIAM MOURA

Boas práticas de comunicação recomendam cautela no uso de frases de efeito

Um discurso claro e direto é um pré-requisito fundamental para um bom porta-voz. Saber expressar de forma objetiva as mensagens institucionais contribui para que a sociedade compreenda a atuação e a importância do trabalho realizado pelas instituições e empresas.  Para autoridades e agentes públicos e privados é uma qualidade cada vez mais relevante e necessária.

Mas a arte da retórica e a boa comunicação precisam ser buscadas com método e estratégia, pois um erro no discurso pode provocar efeito contrário ao esperado. A semana foi recheada de frases de efeito, que induzem a ironias e costumam reverberar imediatamente em memes nas redes sociais.

Um dos frasistas da semana é o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Alvo em três denúncias por corrupção, reagiu ao procurador-geral, Rodrigo Janot: “Eu diria que pelo menos é uma fixação. Ele até deu declaração sobre o meu bigode. Não sei se é um fetiche ou alguma coisa. Não entendo esse comportamento dele”, disparou.

O líder do governo no Senado ainda atacou o atual PGR, chamando-o de “justiceiro”. Desta vez, Janot optou pelo silêncio, mas há poucos dias foi ele a vestir o figurino de frasista, quando afirmou que “enquanto tiver bambu, lá vai flecha”, referindo-se a possíveis novas denúncias contra agentes públicos com foro privilegiado. A afirmação, que ganhou múltiplas interpretações, pronunciada pelo atual chefe do MPF, órgão titular da ação penal, foi alvo de fortes críticas e provocou reações de criminalistas e operadores do Direito.

O presidente do Senado e do Congresso, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) também foi protagonista de momentos de tensão no plenário da Câmara, durante análise de vetos presidenciais em sessão do Congresso. Na confusão, quando deputados protestavam contra a condução dos trabalhos de dedo em riste, ele reagiu: “baixe os dedos, não sou nega sua”.

O problema com frases de efeito é que, se não forem certeiras quanto ao timing, à estratégia, à dosagem das palavras e ao destinatário, podem surtir efeito bumerangue e causar danos à imagem do próprio autor. O resultado de frases de efeito é sempre associado ao contexto, ao momento, às circunstâncias.

Por isso, porta-vozes institucionais e personalidades públicas e privadas devem avaliar com cuidado e calcular os efeitos previamente antes de ceder à tentação de cometer frases. Além de servir para alimentar a imprensa e reverberar ruidosamente nas redes sociais, falas ditas impulsivamente costumam ser disfuncionais e causar prejuízo à reputação do autor e da instituição a que pertence. Em governança de comunicação, menos é mais. Convém evitar frases ou expressões que possam provocar mal-entendidos e constrangimentos. É regramento básico de manuais de boas práticas de comunicação.

A injustificável alta remuneração dos agentes da lei

A imprensa tem dado grande destaque às denúncias dos supersalários de magistrados, procuradores e servidores do Judiciário, que extrapolam o teto constitucional do funcionalismo público. O fato, por si, injustificável, na medida em que os beneficiários são os agentes da lei, é mais grave pela crise econômica que o Brasil atravessa. Deles se espera, em primeiro lugar, o exemplo ao cumprimento da legislação.

Além da alta remuneração, muitos juízes e procuradores têm dado declarações que demonstram um descaso em relação aos milhões de desempregados e aos que recebem salários insuficientes para o sustento. O caso de maior repercussão foi o do juiz Mirko Gianotte, do Mato Grosso, que recebeu meio milhão de reais no dia do aniversário. Em entrevista, afirmou: “não estou nem aí. Eu estou dentro da lei e estava recebendo a menos. Eu cumpro a lei e quero que cumpram comigo”. A declaração provocou muitas reações de indignação na imprensa e nas redes sociais.

Recente pesquisa feita pelo site Poder360 revelou que 73% dos casos analisados em 15 Tribunais de Justiça recebem salários acima dos R$ 33.763,00, valor do teto do funcionalismo público. Somente no TJ de São Paulo, 2.328 magistrados receberam acima do teto em julho, o que representa 91,5% do total do tribunal.

É provável que em breve pesquisas venham a mostrar que a imagem do Judiciário e dos marajás do serviço público esteja abaixo de qualquer teto.

LinkedIn ganha nova ferramenta

A rede social voltada para carreiras profissionais LinkedIn vai lançar uma ferramenta de criação de vídeos dentro da plataforma para evocar a emoção dos usuários e aumentar a interação entre os perfis, já que conteúdos em vídeos têm maior taxa de compartilhamentos nas mídias sociais. Segundo o portal Mashable, o recurso está em fase de testes para heavy users no momento, mas em breve deve ser disponibilizado para todos os seus usuários. Como diz o próprio LinkedIn, “algumas histórias são melhores mostradas do que ditas”. Com certeza o uso dos vídeos dentro da ferramenta deverá ter um cunho mais prático de aprendizagem de skills e troca de conhecimentos, diferentemente do Snapchat e Instagram Stories que focam na intimidade e entretenimento do seu usuário.

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