… chegaram a novo patamar, hoje consensualmente aceito pelos economistas, de 33%. A partir daí, a sociedade recusa-se a pagar mais. E começa a se proteger. Por vias lícitas ou ilícitas, esse é o mundo real. Sendo bom lembrar que, no Brasil, andamos perto dos 40%. Já não dá para aumentar tributos. Mas o governo, impávido colosso, é insaciável.
Por José Paulo Cavalcanti Filho – Escritor, poeta,membro da Academia Pernambucana de Letras e um dos maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa. Integrou a Comissão da Verdade.
O professor Arthur Laffer (Chicago), ao estudar a Hawley–Smoot Tariff Bill (1930), enunciou tese que acabou conhecida como “Curva de Laffer”. Para ele, a tributação pode ser aumentada só até certo limite. Após o que, a cada novo tributo, a arrecadação diminui. Ocorre que, ao enunciar sua Curva, Laffer imaginava que dito limite se daria por volta de 70% do PIB. Estava enganado.
Posteriormente (1984), os professores Cristina e David Sobel (Berkeley) estudaram melhor sua planilha. E chegaram a novo patamar, hoje consensualmente aceito pelos economistas, de 33%. A partir daí, a sociedade recusa-se a pagar mais. E começa a se proteger. Por vias lícitas ou ilícitas, esse é o mundo real. Sendo bom lembrar que, no Brasil, andamos perto dos 40%. Já não dá para aumentar tributos. Mas o governo, impávido colosso, é insaciável. E quer sempre mais tributos.
A farra não tem fim. Ao contrário de países sérios que viveram crises parecidas com a nossa.
Racionalizar serviços?, nem pensar. Demitir funcionários sobrando?, esqueçam. Escolher bons gestores ou limitar salários?, Deus me livre. Preocupação com austeridade?, nenhuma. Nossas elites sonham sempre com mais dinheiro. Agora, querem até que suas eleições sejam bancadas por grana dos impostos. O que é indecente, num país com educação e saúde indigentes como o nosso. Em troca de apoio parlamentar, por cargos e ministérios, estão sempre dispostos a fazer qualquer negócio. Sobretudo quando há gordos recursos à disposição. Como se fossem corsários à espera de repartir um butim.
O festival de gastos públicos é monumental. O Ministério Público, com salários nominais de até 33,7 mil reais (afora penduricalhos como auxílio moradia et caterva), esta semana se concedeu aumento de 16,7%. Num país com inflação por volta dos 4% anuais. E salário mínimo inferior a mil reais. O penhor de nossa igualdade não vale tanto. 13 milhões para escolas de samba?, claro. Dinheiro para emendas parlamentares?, sem dúvida. A farra não tem fim. Ao contrário de países sérios que viveram crises parecidas com a nossa.
O governo de hoje é tão ruim quanto o anterior, eis a questão. Os vícios são os mesmos. As pessoas que o compõem, quase todas as mesmas. A falta de esperança, a mesma.