Traficando está na Penitenciária Federal de Catanduvas, no oeste do Paraná, segundo o Ministério da Justiça. Segundo a PF, Luiz Carlos da Rocha, conhecido como Cabeça Branca, era mais influente que Beira-Mar e Abadia.
Por RPC Cascavel
Ministério da Justiça confirmou nesta terça-feira (4) que o traficante Luiz Carlos da Rocha, conhecido como Cabeça Branca, foi transferido para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no oeste do Paraná, uma unidade de segurança máxima.
Imagens mostram o momento em que o traficante desembarcou em Cascavel – a pouco mais de 50 km de Catanduvas – escoltado, num avião da Polícia Federal (PF).
Preso no último sábado (1º), Luiz Carlos da Rocha é descrito pela PF como um ‘embaixador do tráfico’ porque tinha diplomacia para lidar com grandes facções criminosas nacionais e internacionais sem que precisasse usar a violência.
De acordo com as investigações, o criminoso usava o Porto de Santos (SP) para exportar drogas para a Europa e os EUA e tinha mais influência que outros traficantes, como Fernandinho Beira-Mar e Juan Carlos Abadia.
A prisão
Luiz Carlos da Rocha foi preso no sábado (1º), em uma padaria de Sorriso (MT), onde vivia com a mulher e um filho pequeno. No mesmo dia ele foi transferido para Brasília (DF).
Na noite de domingo (2), ele foi levado para a Superintendência da PF em Curitiba, onde foi ouvido pelo delegado federal Elvis Secco, coordenador da operação. O conteúdo do depoimento está sob sigilo.
Na tarde de segunda-feira (3), o traficante foi conduzido ao Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, de onde decolou para a penitenciária federal. No entanto, o destino só foi confirmado pelo Ministério da Justiça nesta terça.
Operação Spectrum
Além de Rocha, também foi preso em Londrina, no norte do Paraná, o homem considerado o braço direito do traficante, segundo a PF. Os dois foram presos preventivamente, ou seja, por tempo indeterminado.
Ao todo, foram expedidos 10 mandados de busca e apreensão de veículos, nove mandados de busca e apreensão de imóveis e três mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para depor e liberada em seguida, em seis cidades nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso. As ordens judiciais foram expedidas pela 23ª Vara Federal de Curitiba.
A PF apreendeu US$ 4,54 milhões e aproximadamente 1,5 tonelada de cocaína durante a ação, conforme balanço parcial da ação foi divulgado na segunda-feira (3).
De acordo com a PF, Luiz Carlos da Rocha era um dos traficantes mais procurados pela PF e pela Interpol na América do Sul, considerado um dos “barões das drogas” do Brasil ainda em liberdade, já condenado pela Justiça Federal a penas que somam mais de 50 anos de prisão.
Para se esconder, o traficante fez cirurgias plásticas para alterar suas feições e usava, atualmente, a identidade de Vitor Luiz de Moraes, ainda de acordo com a PF. Por isso a operação foi batizada de Spectrum, que significa fantasma.
No entanto, ele foi localizado recentemente pela área de combate ao tráfico de drogas da PF, que precisou acionar a perícia. Com dados fotográficos, concluiu-se que Luiz Carlos da Rocha e Vitor Luiz de Moraes são a mesma pessoa. Veja mudança nas imagens abaixo.
O outro lado
O advogado Fábio Ricardo Mendes Figueiredo, responsável pela defesa de Luiz Carlos da Rocha, informou ao G1, nesta terça-feira (4), que houve divulgação equivocada dos fatos.
Segundo a defesa, a primeira prisão preventiva tem data de 2004, logo, ele é procurado há 13 e não há 30 anos, conforme divulgado pela PF.
Em relação às cirurgias plásticas, o advogado disse que foi realizada apenas uma, nas pálpebras, com o objetivo de rejuvenescimento.
Além disso, Figueiredo rebateu o argumento de que a suposta organização criminosa à Luiz Carlos da Rocha tivesse uma estrutura violenta, e usou como argumento o fato de ele ter sido preso em uma padaria, desarmado e sem acompanhamento de seguranças.
A defesa também confirmou a existência de processos contra Rocha, cujas condenações chegam a aproximadamente 50 anos. No entanto, nenhuma transitou em julgado, ou seja, todas estão em fase de recursos.
Figueiredo disse que atua nos tribunais superiores e já obteve sucesso em alguns habeas corpus, que visam coibir as ilegalidades processuais ocorridas nas condenações.
O advogado informou que ainda não teve acesso à íntegra dos autos da Operação Spectrum e que aguarda a liberação de acesso no sistema eletrônico na Justiça Federal do Paraná, em Curitiba.