Após enchentes, nasce primeiro bebê em Hospital de Campanha de Rio Formoso

Maria Clara da Silva nasceu saudável, com pouco mais de três quilos, em unidade hospitalar montada pelo Exército. Hospital do município e outras dez unidades de saúde foram danificadas por enchentes de maio.

Hospital de Campanha do Exército em Rio Formoso teve primeiro parto realizado desde enchentes que devastaram interior de Pernambuco (Foto: Divulgação/Comando Militar do Nordeste)

Em meio ao caos deixado pelas enchentes, o Comando Militar do Nordeste divulgou nesta sexta-feira (9) o primeiro nascimento de bebê realizado no Hospital de Campanha do Exército (H Cmp) em Rio Formoso, na Mata Sul de Pernambuco. O único hospital da cidade, que foi uma das mais afetados pelo temporal, foi inundado pelas enchentes e a unidade de saúde temporária teve que ser montada para atender a demanda municipal.

O parto foi realizado durante a noite da quinta-feira (8) e, às 20h29, nasceu Maria Clara da Silva, com 3,080 quilos, em menos de uma semana de implantação da unidade. A criança e a mãe, Andreza Maria Matias Silva, de 18 anos, não enfrentaram nenhum problema durante o parto, que foi normal, e já receberam alta. Coordenadora do hospital, a Coronel Sandra Andrade explicou que o momento foi marcado por emoção entre a equipe e os pacientes.

Maria Clara Silva nasceu com pouco mais de três quilos, no hospital de campanha de Rio Formoso, em PE (Foto: Divulgação/Comando Militar do Nordeste)

“A mãe chegou já em trabalho de parto, por volta das 20h, e foi logo atendida pela equipe de médicos de plantão. Ela já estava no período que chamamos ‘expulsivo’, que é quando houve a dilatação completa e a cabecinha do bebê já está aparecendo, por isso o procedimento foi bastante rápido. No momento do nascimento, a pediatra fez os primeiros procedimentos e as duas foram acompanhadas em consulta neonatal. Saudáveis, foram liberadas”, disse a coronel.

Mãe de Maria Clara, Andreza explica que a bolsa estourou por volta das 19h40 e Maria Clara nasceu quase que pontualmente no dia em que o parto estava previsto, que seria esta sexta-feira. Durante as chuvas, parte do enxoval da bebê foi perdido.

“Tudo durou menos de uma hora. Fui ao hospital e me disseram que eu estava em trabalho de parto. Na enchente, perdi o berço de Maria Clara, um guarda-roupas e a mesa da cozinha. Sem dinheiro, eu e minha mãe ainda não compramos nada, mas ganhamos um colchão de criança”, disse.

Mesmo grávida, ela teve que pisar na água, que chegava até a metade das pernas dela, para salvar o que pode. “Apesar das perdas, tivemos sorte, porque muita gente perdeu até as casas. Minha mãe me pôs em cima da cama enquanto água não baixava, mas, assim que o rio desceu, já foi possível limpar as coisas”, explicou Andreza. “Agora, quero trabalhar. Vou voltar à rotina e criar minha filha”, disse.

A unidade de saúde foi montada no dia 2 de junho, pelo governo em parceria com as Forças Armadas, para suprir a falta do hospital da cidade, danificado pelas enchentes. Além do centro de saúde, houve perdas em outras dez estruturas básicas de atendimento. Cerca de 715 pessoas já foram atendidas, desde o início do funcionamento.

Com 900 metros quadrados, o H Cmp conta dez barracas, de 48 metros quadrados, sete leitos de observação e uma sala para urgência e emergência. Ao todo, 35 profissionais de saúde, um médico, um enfermeiro e quatro técnicos de enfermagem são responsáveis pelos 150 atendimentos e 70 procedimentos diários possíveis.

Entenda as chuvas

Desde o final de semana dos dias 27 e 28 de maio, chuvas fortes atingem várias regiões do estado, provocando enchentes de rios e deslizamentos de barreiras. Seis pessoas morreram, sendo duas no Recife, duas em Caruaru e duas em Lagoa dos Gatos. De acordo com dados do governo do estado, o número de desabrigados e desalojados chegou a 55,1 mil pessoas no dia 31 de maio.

Na terça-feira (30), o governo do estado decretou emergência em 24 cidades pernambucanas. No domingo (28), o presidente da República, Michel Temer, veio ao Recife e autorizou o envio de ajuda humanitária. Ele ainda se comprometeu com a liberação de uma linha de crédito de R$ 600 milhões, junto ao BNDES, para obras no estado.

Na quarta (31), o governador Paulo Câmara visitou as cidades de Catende e Ribeirão, na Zona da Mata Sul, para acompanhar o planejamento de ajuda humanitária às famílias desalojadas e de limpeza das áreas atingidas pela água, feito por ‘gabinetes de crise’ instalados nos dois municípios.

Fonte: G1

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