UM PESADELO CHAMADO LOVE

O amor próprio foi destroçado: tanto para relacionamentos quanto pra aturar histórias que nos ensinam que pra ser feliz, melhor é aturar um mala sem alça do que encarar a si mesma

Resultado de imagem para renata corrêa   Por Renata Corrêa –  Escritora e roteirista

Recentemente, tomei um drink com uma amiga, atriz jovem e em franca ascensão. Estávamos felizes. Eu porque depois de algumas semanas de negociação tinha fechado um trabalho importante em uma sala de roteiro, e ela porque pela primeira vez experimentava o gosto da popularidade, recebendo feedbacks positivos depois de ter participado de uma série bem sucedida. E como é comum na nossa geração, os louros não veem sem uma (boa) dose de reclamação – eu, sem tempo para tirar férias há anos, ela lamentando pois foi informada que às vésperas do início do set da segunda temporada, a equipe criativa, exclusivamente composta por homens, simplesmente ainda não tinha fechado o arco dramatúrgico da de sua personagem. Mas, adivinhem só, dos protagonistas homens já estava tudo definido.

Muitas vezes a gente olha uma personagem feminina estereotipada na TV e não sabe que para aquela mulher ser retratada assim foram muitas etapas onde foi negligenciada. Produtores, diretores, autores e roteiristas que foram criados num caldeirão cultural audiovisual onde a mulher funciona como um penduricalho simplesmente pensam: ok, vamos colocar essa Maniac Pixie Girl numa loja de conveniências e fazer ela se apaixonar sem motivo algum por esse cara feio, desinteressante, careta e neurótico. Por que não? Isso soa perfeito!

 

fonte:revistatrip

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