Bovespa fecha em alta de 1,69% após maior queda desde 2008

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Por Darlan Alvarenga e Karina Trevizan

Ibovespa subiu 1,69% nesta sexta-feira, mas acumulou queda de 8% na semana.

O principal indicador da bolsa brasileira fechou em alta nesta sexta-feira (19), recuperando parte das perdas da véspera, com o cenário político ainda no foco com o início da divulgação dos vídeos das delações dos executivos da JBS envolvendo o presidente Michel Temer e outros políticos.

O Ibovespa subiu 1,69%, encerrando o dia aos 62.639 pontos, após ter perdido 8,8% na quinta-feira, na maior queda desde outubro de 2008. Veja a cotação

Apesar da alta, o índice acumulou perda de 8,2% na semana, recuando mais de 5 mil pontos.

Já o dólar fechou em queda de 3,98%, a R$ 3,2571 na venda, em meio a intervenção do Banco Central, após ter fechado a R$ 3,389 na véspera.

Para operadores, o áudio da conversa entre Joesley e Temer não foi comprometedor o bastante para justificar a continuidade da sangria dos mercados de quinta-feira. A cautela, porém, permanece diante de informações que continuam surgindo. Temer será investigado por corrupção passiva e obstrução da Justiça, em inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal.

 Variação da Bovespa (Foto: G1 )

Cenário de incerteza

A avaliação do mercado é que crise política detonada com o vazamento de gravação de conversa de Temer com Joesley Batista terá duração ainda muito incerta e com desfecho ainda imprevisível.

Analistas ouvidos pelo G1 disseram que o mercado viveu nesta sexta um movimento de correção após o “dia de pânico” da véspera, com muitos investidores aproveitando também para comprar papéis que, na sua avaliação, caíram exageradamente na quinta-feira.

“Está todo mundo esperando para ver realmente quais vão ser as consequências, como vai se desenrolar a crise política. Enquanto tem essa pausa, está tendo alguma correção”, avaliou Thaís Marzola Zara, economista chefe da Rosemberg Associados.

Lucas Marins, analista da Ativa Investimentos, explica que recuperação desta sexta foi um movimento mais “racional” após a incerteza generalizada. “Ontem foi dia de pânico, ninguém sabia o que ia acontecer com o Brasil. O investidor mais avesso ao risco, a primeira coisa que pensa em fazer é ligar para a corretora dele e mandar vender as ações. Hoje, os investidores já assimilam os fatos, traçam os cenários possíveis e tomam decisões mais racionais.”

Os especialistas apontam ainda que a tendência para os próximos dias é de a volatilidade persista. Zara diz que ainda não é possível descartar a possibilidade de mais volatilidade nos próximos dias, “até porque a gente está começando a ver agora as divulgações das delações”. “O mercado está em ritmo de expectativa, aguardando para saber se as reformas econômicas foram de fato abortadas”.

A agência de classificação de risco Fitch avaliou nesta sexta-feira que a crise política aberta com a delação de Joesley Batista pode interromper as reformas e afetar a perspectiva da nota do Brasil. “Na melhor das hipóteses, o cronograma da votação da reforma da previdência está comprometido”, resumiu o Banco Fator em comunicado a investidores.

A tendência, segundo os analistas, é de muita volatilidade nos mercados até que tenha uma clareza do que vai acontecer no cenário político local.

“Os últimos dias foram fundamentados na expectativa de que o Temer conseguiria aprovar as reformas. Agora, essas expectativas todas ruíram. No radar de curto prazo não há a menor ideia de que os deputados vão votar a reforma da Previdência e, no Senado, a reforma trabalhista também está travada”, diz Marins.

A recuperação da bolsa nesta sexta ainda teve movimentos de especulação após a queda acentuada do dia anterior, acrescenta Rogerio Storelli, gestor da GGR Investimentos. “Ontem, a queda foi acentuadamente negativa muito mais pela percepção do quadro político do que pelos fundamentos das empresas. Algumas ações com bons fundamentos apareceram com oportunidade de compra. O investidor mais especulativo aproveita esses momentos de estresse para fazer compras.”

Destaques do dia

Entre os papéis mais negociados, os destaques de alta ficaram com as ações do setor de siderurgia. Os papéis da Gerdau Metalúrgica subiram 12,47%, os da CSN subiram 7,14%, as ações da Gerdau tiveram alta de 6,22%.

Bradesco PN subiu 1,65% e Itaú Unibanco PN avançou 2,6%. Banco do Brasil teve alta de 3,32%.

As preferenciais da Petrobras subiram 3,57%, após derreterem mais de 15% na véspera. Já as da Vale fecharam em alta de mais de 1%.

JBS ON subiu 1,52%, após cair quase 10% na véspera. O Ministério Público Federal (MPF) informou que o grupo J&F tinha até esta sexta para aceitar proposta para pagar multa de R$ 11,2 bilhões para fechar acordo de leniência.

Perda de R$ 219 bilhões na véspera

No pregão da véspera, a Bovespa perdeu R$ 219 bilhões em valor de mercado, segundo levantamento feito pela Economatica. Com a forte queda, o valor das empresas listadas na bolsa voltou ao nível de janeiro.

O tombo de 8,8% da véspera foi a maior queda do Ibovespa desde o dia 22 de outubro de 2008, quando a bolsa caiu 10,18%, reagindo à crise financeira internacional. Os negócios chegaram a ficar parados por 30 minutos pelo circuit breaker após o índice recuar mais de 10% pela manhã. A última vez que o mecanismo havia sido acionado no Brasil foi no dia 22 de outubro de 2008, quando a bolsa caiu 10,18%, reagindo à crise financeira internacional.

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