Academia Pernambucana de Letras reaberta ao público em janeiro de 2017

Casarão onde funciona a Academia Pernambucana de Letras, nas Graças, foi restaurado e transformado em museu

1

PATRIMÔNIO- Restaurada e mobiliada como moradia do século 19, APL vai ser aberta ao público a partir de 17 de janeiro, às terças e quintas

Avenida Rui Barbosa, 1596. Guarde bem este endereço. É de um casarão neoclássico antigo, nas Graças, bairro da Zona Norte do Recife, reduto dos literatos da centenária Academia Pernambucana de Letras (APL). A partir de 17 de janeiro do ano que vem o charmoso solar do Barão Rodrigues Mendes estará aberto a todos os mortais, restaurado e mobiliado como uma moradia típica das famílias abastadas do século 19.

O casarão, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é revestido de azulejos portugueses, forrado com piso de mosaico inglês, ambientado com móveis de carvalho da Áustria e iluminado por lustres franceses. Uma moradia cosmopolita no passado. Um museu para contar a história de Pernambuco no presente. Mesas de madeira fabricadas especialmente para casa do barão fazem parte da exposição.

Inicialmente, a APL pretende receber o público apenas às terças e quintas-feiras, das 14h30 às 17h30, cobrando uma taxa simbólica com valor a ser definido, para ajudar na manutenção do museu. “Em função da demanda, é possível fazer alterações no horário”, avisa a presidente da academia, Margarida Cantarelli. As visitas podem ser agendadas pelo site (www.aplpe.com.br) ou pelo telefone (81) 3268-2211 no horário comercial.

O solar histórico teve fachadas, cobertas, estuques, forros e azulejos restaurados pela equipe do arquiteto Jorge Passos, num trabalho financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com 12 meses de duração. A verba também custeou a recuperação física do torreão, uma construção de dois pavimentos no quintal onde o barão recolheu-se a partir de 1878, quando ficou viúvo, deixando a casa para as filhas.

Cada ambiente do sobrado ganhou decoração específica. Na sala de fumar, restrita aos homens no século 19, há móveis da família feitos de carvalho, cadeiras, escrivaninhas e escarradeiras de louça espalhadas pelo chão. Uma mesa para oito lugares ocupa o centro da sala das senhoras (hoje sala dos retratos). “Originalmente a mesa era da sala de jantar e podia ser aberta para acolher até 24 cadeiras”, diz Margarida Cantarelli, ao mostrar a casa.

A sala das senhoras foi decorada com retratos da família do português João José Rodrigues Mendes (1827-1893), importador de bacalhau que recebeu no Recife o título de barão. Ele, a esposa, filhos e o genro Malaquias Antônio Gonçalves – o Doutor Malaquias que batiza a avenida ao lado do casarão – estão imortalizados em quadros pendurados nas paredes.

Ainda no andar térreo, o visitante pode contemplar na sala de reuniões da APL (a sala de jantar do barão) um autêntico lustre de cristal Baccarat. “Conseguimos restaurar todos os lustres franceses e os lampiões com a ajuda de particulares”, observa Margarida. Objetos de uso pessoal do comerciante, como escovas de cabelo, são exibidos ao público numa vitrine.

Quartos de dormir, de vestir e de orações foram remontados no primeiro andar. “Essa é a cama do barão e este é o berço usado pela família”, destaca Margarida. Do terraço neste piso superior, voltado para a Avenida Rui Barbosa, ela aponta o lampião francês instalado no meio de um canteiro criado onde antes havia uma fonte de água, bem na entrada casa.

“Herdeiros do barão estiveram na academia e disseram que não havia fonte no jardim, mas sim o lampião. Não destruímos a fonte, só fechamos a área para fazer o canteiro”, explica. Os jardins estão sendo recuperados por particulares. “Conseguimos, com doações, reformar os móveis da casa e também o auditório, que agora tem camarim, copa e banheiro de apoio para as apresentações artísticas.”

O auditório e outros espaços da APL podem ser alugados para concertos musicais, lançamentos de livros, recepções de casamentos, festas de aniversário e outros eventos do gênero, diz Margarida Cantarelli. O novo visual do sobrado, sede da APL desde a década de 1970, será apresentado a convidados amanhã, a partir das 16h, numa solenidade em homenagem aos 50 anos do escritor Marcos Vinicios Vilaça como integrante da academia.

Em janeiro, com as visitas liberadas, não deixem de conhecer o cantinho de viúvo do barão, mobiliado com escritório no térreo e alcova no primeiro andar, com cama, lavabo e quadros. Ele comprou a casa em 1863. A APL foi fundada em 1901.

1

Fonte: JC Online

Um comentário sobre “Academia Pernambucana de Letras reaberta ao público em janeiro de 2017

  1. Que notícia mais saborosa…
    Que bom saber de pessoas que colocam todo seu vigor em preservar e ou restaurar memórias.
    Parabéns a você que bem sei, contribuiu e muito para que concorresse esse momento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *