Aécio põe as barbas de molho

Gabriel Garcia

De Brasília

Parecia reprise do primeiro turno: onde concorreu, o PSDB levou a melhor na maior parte das cidades nas eleições municipais de 2016. Foram 14 prefeituras conquistadas, de um total de 19 em que o partido disputava neste segundo turno. Tucanos venceram em cinco capitais: Belém (PA), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Alegre (RS) e Porto Velho (RO). Perderam em Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MT) e Cuiabá (MS).

Em Minas Gerais, reside a maior preocupação dos tucanos. O presidente nacional do partido, o senador Aécio Neves, viu Alexandre Kalil (PHS), ex-presidente do Atlético Mineiro, derrotar o tucano João Leite, ex-goleiro do Galo.

O resultado atual espelha a derrota do mineiro na eleição para presidente da República, em 2014. Dizendo-se dono de 51,04 milhões de votos na corrida para presidente, Aécio foi superado por Dilma Rousseff. Dilma obteve 54,5 milhões de votos – a menor diferença de em um segundo turno para presidente desde a redemocratização.

Na ocasião, Aécio perdeu em Minas Gerais, seu reduto eleitoral, o que indica que os votos não eram dele, mas do partido.

A redenção do ex-governador de Minas Gerais viria na eleição de Belo Horizonte, dois anos depois. No entanto, Kalil estragou a festa. Aécio perdeu com João Leite, colocando em dúvida sua artilharia.

Quem jogou um bolão nesta eleição foi o governador Geraldo Alckmin, que sacou João Doria do banco de reservas para elegê-lo, em primeiro turno, prefeito de São Paulo – o maior colégio eleitoral do Brasil.

Com as sucessivas derrotas, Aécio entra enfraquecido na disputa para presidente do partido. No próximo ano, os tucanos escolhem a sua nova executiva nacional. Aécio não pode concorrer à reeleição. Já Alckmin, por merecimento, reivindica um nome de sua confiança.

Os tucanos venceram nesta eleição de 2016. Escondido no cenário político após a derrota para Dilma, Aécio precisará se reinventar. Terá de colocar as barbas de molho. No entanto, ressurge a política do café com leite, com o poderio retornando às mãos dos políticos de São Paulo.

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