Na guerra da Coréia, quando a China entrou pela fronteira do norte e invadiu o sul daquele país dividido, empurrando as tropas americanas para o mar, o general Omar Bradley, (à esquerda), chefe do Estado Maior do comando dos Estados Unidos, vetou a estratégia do general Douglas McArthur, que era de bombardear os chineses com armas atômicas. Disse tratar-se da guerra errada, na hora errada e contra o inimigo errado. Evitou a terceira guerra mundial.
Guardadas as proporções, a carta da presidente afastada, Dilma Rousseff, aos senadores, foi a carta errada, na hora errada e contra o inimigo errado.
Primeiro porque se era para defender o seu mandato, Madame deveria ter atuado antes de a Câmara autorizar a licença para que fosse processada. Quando o impeachment passou para o Senado, era tarde demais.
Depois, por não ter percebido que forneceu aos senadores o argumento final para sua degola, ao propor eleições gerais fora de hora, reconhecendo a impossibilidade de continuar governando caso absolvida pelo Senado. Por último, ao insistir estar sendo vítima de um golpe capaz de ser evitado se tivesse mudado o governo e seus ministros logo depois de reeleita.
O resultado surge evidente: a carta não valeu de nada e apenas estimulou os senadores a apressar sua condenação. Até mesmo o gesto final capaz de salvar sua imagem para a História, Sua Excelência evitou: se tivesse renunciado em vez de denegrir o Congresso, ao menos poderia sair com honra do episódio.
Pelo contrário, sai derrotada em todos os planos, a começar pelo seu próprio partido e seu criador, o Lula. Bem que a alertaram, primeiro para não candidatar-se ao segundo mandato, depois, para mudar sua equipe e suas diretrizes de governo. Não percebeu a realidade à sua volta, insistindo que a população a apoiava e que o país estava no rumo certo. Ficou como aquele recruta que marchava com passo trocado, diferente do batalhão inteiro. Tivesse renunciado e salvaria os dedos, mesmo entregando os anéis.