Pesquisa do Setor de Alimentação Fora de Casa aponta demissão de 250 mil pessoas

 

A crise econômica brasileira tem atingindo diretamente o comportamento dos setores produtivos, em especial, do segmento de alimentação fora de casa. Dados da Pesquisa de Conjuntura Econômica do Setor de Alimentação Fora de Casa indicam que o setor passa por um processo de reflexão sobre caminhos a serem seguidos em razão do afunilamento entre as duas pontas: empresários e clientes.

No primeiro trimestre do ano passado a crise agravou-se e colocou para baixo os números de desempenho das empresas em um período entendido como “mais dramático” para o setor, comparado com o mesmo período deste ano. Mais de 34% das empresas operam com prejuízo. Isso representa que, uma a cada três empresas está no vermelho. Na série histórica, a partir de 2014, esse percentual só tem crescido. Em 2014, 5% estavam com problema de caixa; em 2015, esse percentual pulou para 15%; e, este ano, atingiu os 34%.

Apesar do aperto nas contas das empresas do segmento, a maioria entende que poderia ser ainda pior, tendo em vista que os preços dos produtos oferecidos terem subido bem acima de inflação média em uma década. Atualmente, há uma acomodação nos preços para evitar a queda ainda maior do número de clientes nos estabelecimentos comerciais.

O ambiente de incertezas políticas coloca para baixo as expectativas dos empresários em relação ao faturamento em 2016. Há registro de uma projeção de queda de 0,85% este ano, em relação ao ano passado, consequência da política econômica nacional, reflexo do conturbado ambiente da política.

Nessa esteira, a perspectiva dos associados da Abrasel (Associação Brasileira de Bares, Restaurantes e Similares) é de crescimento real nulo e nominal de 7,5%, com faturamento de R$ 160 bilhões.

O reflexo quase que imediato dessa queda de faturamento pode ser percebido no fechamento das portas no setor e, consequente, processo de demissões. Estima-se que cerca de 250 mil pessoas que atuam no segmento sejam desligadas de suas empresas somente em 2016.

A crise não só tem afetado apenas o caixa das empresas, tem provocado uma mudança de hábitos dos consumidores. Se por um lado a presença de clientes nos bares e restaurantes praticamente não houve queda muito significativa, por outro, eles estão consumindo menos. Elementos como a mulher trabalhando, custos com contratos com empregados domésticos e o ato de comer fora de casa deixam as empresas mais cheias, porém os gastos estão menores.

A relação entre público e gastos faz com que o empresário comece a se reinventar e a tomar medidas para se adaptar a esse momento. Essas medidas também têm impacto direto no emprego. Se há investimentos em automação e qualificação de mão de obra, há redução de quadro de funcionários estimado em 10%.

E, mesmo com essas medidas de superação, haverá ainda mais redução de pessoal para a maioria dos associados. Desses, 64% das empresas indicam que o setor continuará demitindo e fechando as portas em 2016. O Nordeste foi a segunda região brasileira que mais reduziu pessoa, com 7,62%, perdendo para o Sul, onde houve uma redução de 7,78%.

Sobre a rentabilidade, 79% dos associados informaram que seus custos operacionais continuam subindo acima da inflação. Para 13% acompanham a inflação. A pressão dos consumidores por preços mais acessíveis não permite que o setor repasse os aumentos de custos. Com o ambiente econômico adverso e o consumidor gastando menos, era de se esperar o acirramento da concorrência, mais evidente em shoppings (58%), enquanto que nas ruas é de 44%.

Fonte: Abrasel

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