STJ autoriza prisão de desembargador condenado por venda de sentença

Evandro Stábile, do TJMT, deve cumprir pena de 6 anos por corrupção.
Desembargador está afastado do cargo na Justiça desde 2010.

Evandro Stábile foi condenado a seis anos de prisão (Foto: Lenine Martins/ Secom-MT)
Evandro Stábile foi condenado a seis anos de
prisão. (Foto: Lenine Martins/ Secom-MT)
Carolina HollandDo G1 MT

O desembargador afastado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Evandro Stábile, deverá começar a cumprir imediatamente a pena aplicada pelo Superior Tribunal de Justiça de seis anos de prisão em regime fechado por venda de sentença. A autorização é da Corte Especial do STJ, que na quarta-feira (6) decidiu pela aplicação do novo entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) de que um réu condenado em segunda instância comece a cumprir a pena mesmo que ainda esteja recorrendo a instâncias superiores.

O STJ condenou Stábile por corrupção passiva e perda do cargo em novembro de 2015 e o acórdão foi publicado em três meses depois. Por meio de nota, o advogado do desembargador, João Paulo Boaventura, disse que a defesa deve recorrer ao Supremo Tribunal Federal.

A ministra relatora do caso, Nancy Andrighi, havia determinado, no último mês de março, a expedição de mandado de prisão do réu. A ministra Laurita Vaz, porém, pediu vista do processo, que teve o julgamento retomado nessa quarta-feira (6). A decisão pela prisão do desembargador foi por oito votos a seis.

A maior parte dos ministros concordou com a tese da relatora de que a expedição do mandado de prisão deve ocorrer depois da publicação do acórdão que condenou o réu, o que ocorreu no dia 2 de fevereiro. O desembargador está afastado do cargo desde 2010 mas continua a receber salário do TJMT, que no mês de março foi de R$ 38 mil. O valor consta do próprio site do tribunal.

A Corte Especial é formada pelos 15 ministros mais antigos do STJ. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, essa foi a primeira decisão da Corte Especial a aplicar o entendimento do STF sobre a prisão de réus condenados em segunda instância.

Venda de sentenças
Stábile é acusado de corrupção passiva quando ocupava cargo no Tribunal Regional Eleitoral. As vendas de sentenças no Judiciário mato-grossense foram alvo de investigação da Polícia Federal durante a Operação Asafe, deflagrada em 2010. O desembargador foi condenado, com base em interceptações telefônicas, por ter cobrado propina para manter um prefeito no cargo.

Outro lado
Em nota enviada à imprensa, a defesa de Stábile disse que recebeu com “indignação” a decisão do STJ e que vai confiar ao STF “o dever de reverter o arbítrio e restaurar o princípio da não culpabilidade e do duplo grau de jurisdição”.

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