Juca Ferreira, que comandou a pasta em duas oportunidades nas gestões petistas. Ah, sim: e ele confirma que essa grana é dinheiro público, sim!
A revista Época promoveu um daqueles “debates conceituais” em que pessoas de determinada área falam em favor ou contra algum fato ou conceito. A bola da vez, em forma de entrevista, foi a Lei Rouanet e, para espanto geral, coube justamente a Juca Ferreira falar CONTRA o dispositivo.
É sério. Claro que as manifestações contrárias começam a surgir justamente quando apareceu centenas de escândalos , alguns VERDADEIRAMENTE ESCANDALOSOS – com o perdão da redundância enfática -, como o casamento descoberto numa operação da PF.
Em sua participação, o ex-ministro – que ocupou a pasta da Cultura nos governos de Lula e Dilma Rousseff – soltou algumas pérolas como:
“Eu não diria que ela (Lei Rouanet) cumpre o papel. O papel seria fortalecer o desenvolvimento cultural disponibilizando-o para produções culturais e artísticas que contribuam para o desenvolvimento da população. Nesse sentido, não cumpre plenamente. A Lei Rouanet precisa ser aprimorada para que ela cumpra seus objetivos (…) Ferreira – As pessoas ficam assustadas com a quantidade de dinheiro que esse empresário que fraudou a Lei Rouanet teve acesso, mas na verdade é da natureza da lei. Não a fraude, a fraude é da responsabilidade dele (…) A lei gera concentração territorial, concentração de determinado tipo de projeto. A concentração chega a um ponto em que 80% dos recursos vão para dois estados: Rio de Janeiro e São Paulo. Existem estados e regiões inteiras que têm “zero vírgula qualquer coisa” por cento de acesso. Uma disparidade enorme (…) Quando vocêdisponibiliza dinheiro público para que o departamento de marketing [das empresas] aprove, você cria uma distorção…” (grifos nossos)
Sim, ele confirma que é dinheiro público. Algo que a militância tende a negar, mas já explicamos por aqui tem um tempo.
O curioso é que Juca Ferreira parece falar de um outro país, algum lugar longe daqui. Afinal, ele esteve num governo cujo grupo de poder estava comandando o Brasil há quase quinze anos, com ESPECIAL “dedicação” (vamos chamar assim) à área da Cultura.
Agora, é tarde. Deixa que o novo governo proponha uma mudança nesse dispositivo.