Do que Marcelo Odebrecht tem medo?

Quem se lembra da prisão de Marcelo Odebrecht?
Então, já faz mais de 130 dias que o empresário está atrás das grades. Muita gente apostou que ele jamais seria preso…
O bilionário está confinado numa cela de 12 metros quadrados, que divide com mais dois presidiários.
Pois bem, nos dias que antecederam a prisão de Marcelo Odebrecht, inúmeras ameaças foram feitas. O pai, Emilio Odebrecht, teve inúmeros acessos de raiva, ameaçou derrubar a República e escancarou todo o seu ódio com a célebre frase: “Se prenderem o Marcelo, terão de arrumar mais três celas, uma para mim, outra para o Lula e outra ainda para a Dilma.”
Nada disso aconteceu. Emílio Odebrecht estava blefando.
Nesta sexta-feira, ainda sem perder a pose, o bilionário presidiário apresentou-se ao juiz Sergio Moro para dar suas primeiras explicações.
E lançou mão desta feita de uma nova estratégia, aliás, há muito tempo que Odebrecht não pretende mais derrubar a República. O que ele quer agora é deixar a prisão sem delatar e nem entregar ninguém. Para tanto, escolheu como alvo a Polícia Federal e o Ministério Público.
Odebrecht continua negando que tenha atuado na distribuição de dinheiro sujo.
Entretanto, relatório da Polícia Federal com base em mensagens extraídas do celular de Marcelo revela o amplo leque de políticos com os quais ele tinha contato e seu esforço para utilizar siglas e mensagens codificadas para anotar as ações espúrias do grupo.
Para Odebrecht, porém, Ministério Público e Polícia Federal fizeram interpretações deturpadas.
Ele ainda negou ter pago ou mandado pagar propina em troca de benefícios em contratos com a Petrobras, disse que não movimenta contas bancárias ou faz operações financeiras em nome da Odebrecht e informou que nunca ouviu falar no Clube do Bilhão ou da participação de executivos da companhia no esquema de fraude em contratos da Petrobras. “Há mais de 15 anos não assino nem mesmo um cheque em nome das empresas da organização, tampouco ordeno ou controlo operações financeiras”.
O executivo, que teve a prisão decretada em junho, classificou como ser um “absurdo” falar que se reuniu com empreiteiros concorrentes para discutir fraudes e disse que o sistema descentralizado da Odebrecht não lhe dava atribuições para interferir na negociação sobre o andamento de obras, por exemplo.
“Nunca me envolvi em questões específicas de licitações, tampouco participei de negociações de contratos com qualquer cliente, nem com a Petrobras”. “Eu não participava de licitações, muito menos de negociações de contratos de nenhuma das empresas do Grupo, ou de orçamentação para apresentação de propostas”, completou. Na manifestação entregue a Moro, Marcelo Odebrecht disse que não conhece o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco nem o doleiro Alberto Youssef e afirmou que só conheceu o ex-diretor da estatal Renato Duque depois que foi preso. Apesar de o Ministério Público apresentar o nome de Bernardo Freiburghaus como operador da Odebrecht no esquema de distribuição de propina a agentes públicos, o executivo também declarou que “a alegação de que ele é ou foi uma pessoa ligada a Odebrecht não é verdadeira”.
Ao final da audiência, uma coisa ficou clara, nenhuma delação virá por parte de Marcelo Odebrecht. Algo muito forte impede o empresário de falar, talvez até mesmo o seu profundo grau de envolvimento. E mais, agora ele vai jogar pesado para sair da cadeia. A fórmula escolhida está bem clara, descontruir as investigações e as provas coletadas.

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