TCE mantém nula licitação de transportes

A Primeira Câmara do Tribunal de Contas do Estado acolheu, há pouco, por unanimidade, a recomendação do relator Ranilson Ramos (foto), determinado de imediato a suspensão de todos os atos decorrentes da concorrência 001.2014, do Sistema de Transportes Intermunicipais, que licitou de forma irregular linhas intermunicipais de ônibus. A decisão já era esperada e não causou nenhuma surpresa, até porque a Justiça também já havia suspendido o referido edital.

A justiça, aliás, em decisão liminar do juiz Mozart Valadares Pires, da 8ª Vara da Fazenda Pública da Capital, se baseou em relatório do próprio TCE. Segundo Mozart, o TCE identificou inúmeros vícios no processo licitatório e, por isso, sugeriu a anulação dos três contratos firmados entre a EPTI e os vencedores dos três lotes.

No documento, o auditor Fernando Rolim afirma que os vícios no processo são tantos que impediram a competitividade e contaminaram todo o processo. E também criticou o fato de a EPTI ter ignorado as alterações recomendadas pelo TCE ainda na época do lançamento do primeiro edital.

Excluindo o Grande Recife, que tem um sistema de transporte metropolitano, todo o Estado foi dividido em apenas três áreas, definidas como Mercados de Transporte Intermunicipal (MTI) pela Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal (EPTI), criada ainda pelo então governador Eduardo Campos para executar a licitação e gerir o sistema.

Entre outros aspectos, a grande reclamação é que a divisão foi desproporcional e ficou na mão de apenas dois consórcios e uma empresa, o que impediu a livre concorrência e, consequentemente, a melhoria do serviço para os 80 mil passageiros transportados diariamente nas 118 linhas.

Uma das áreas, por exemplo, a MTI 1, que envolve todo o Sertão e parte do Agreste Central pernambucanos (80% do sistema), ficou com um único consórcio: Progresso/Logo, esta última uma nova empresa que faz parte do grupo econômico da Caruaruense, que não participou da licitação. O restante do Estado ficou dividido com o Consórcio 1002/Rodotur e a Rodoviária Borborema. Antes, o sistema era operado por 14 empresas.

Um comentário sobre “TCE mantém nula licitação de transportes

  1. Uma pena que os esforços das empresas em participar de licitações acabem sendo desperdiçados quando representantes do Poder Público tratam os recursos públicos como propriedade privada. Infelizmente muitas empresas acabam por se verem obrigadas a entrar nesse tipo de esquema. Ótimo posicionamento do TCE.

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