POEMA

SOB ÁGUA

Poetisa  Cassandra Alpoim

Sob água o meu corpo liquefaz-se no desejo
de ti,tu que não chegaste ainda e nem um rosto tens
na definição dos dias claros de um doloroso verão,
se tardares eu irei à tua procura por cidades e nuvens,
não sei se és anjo homem ou só anjo com um desejo,
assim fico entre a fantasia e uma espera quase real.Há
uma arquitectura nas águas que embate e nos define
em gotículas que a tua boca bebe e refaz nas mãos
e modela com massagens, uma outra de mim na água.
Transparências que eu refaço no teu corpo esculpido
desejado,toma uma identidade diz-me se tens asas
e vamos até Andrómeda porque eu posso e a beleza
não se recusa nem se perde em hesitações,há um só
tempo no tempo que nos vincula e nada se adia vive-se.
Vou agora abraçar a noite para te encontrar sob a luz e
a escorrer água vamos passear na invisibilidade entre
uma multidão estridente e ser mais felizes do que eles
que bebem e se riem de nada,a graça por vezes é vazia,
quero ouvir-te dizer que sou linda fascinante a expressão
do desejo,e vamos até à casa onde a água escorre numa
cascata morna e mergulhados nessa piscina esquecemos
tudo ,sabemos já quem somos porque as mãos escrevem
e os beijos revelam-nos,vive comigo este romance sob as
águas,quem sabe se não construímos um amor intemporal.

( Sob a água me revelo e acredito que tu és tu, o meu amado
num misto de sonho e realidade feito de partículas de água.)

In Versos Decantados

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