Valdo Cruz – Folha de S.Paulo
Cid Gomes, o breve, mandou os achacadores largarem o osso. Pois esta turma se agarra até a osso, porque, neste momento, está tudo no osso, a carne já foi embora, subtraída pelos corruptos ou consumida pelas cigarras palacianas que gastaram o que não tinham.
Resultado, falta dinheiro nos cofres do governo Dilma, a Petrobras está sem grana para investir, a economia encolhe, os empresários demitem e tem muita gente boa do empresariado atrás das grades. Ou seja, todos estão literalmente no osso.
A tal ponto que um empreiteiro, dos grandes, andou desabafando com amigos que “chega, basta”, não fará mais doações para políticos. Ano que vem, de eleição municipal, diz, sua empresa não vai doar um tostão para quem quer que seja.
Primeiro, porque, neste momento, sua empresa precisa se preparar para pagar pesadas multas e ressarcir os cofres públicos pelos desvios feitos na Petrobras. Garante que foi extorquido, mas sabe que, na Justiça, não vai escapar de pagar do seu bolso para salvar sua empresa.
Segundo, antes mesmo disto, a situação está muito ruim. O país está parando, as obras, também, ninguém fala em contratar mais servi-ços, a saída, de fato, tem sido demitir, cortar gastos. Daí que não vai sobrar grana, mesmo que desejasse, para fazer doações eleitorais.
Terceiro, agora criminalizaram até o caixa um, as doações legais. O inquérito da Lava Jato está cheio de confissões de empresários revelando que pagaram propina na forma de doação legal, registrada e tudo.
Por sinal, aí está um grande desafio para Justiça. Como punir tais casos, dinheiro ilícito que virou doação legal. Por mais que os partidos beneficiados neguem, está mais do que provado que isto aconteceu. A turma que deu reconhece o fato. Enfim, o tempo é de penúria. Tomara que o empreiteiro, de fato, seque a fonte. E seja seguido por seus colegas. Ano que vem a gente descobre se era apenas um “desabafo”.