BREVE COMENTÁRIO SOBRE O POETA JOÃO CABRAL

VIVA JOÃO CABRAL DE MELO NETO!!!</p>
<p>Autor do clássico “Morte e Vida Severina”, que virou canção de Chico Buarque, João Cabral de Melo Neto (Recife, 9 de janeiro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1999) conseguiu, durante uma fase da vida, conciliar as duas vocações, escritor e jogador de futebol.</p>
<p>João Cabral ocupava a posição de center-half, ou, como se diz hoje, a posição de volante, e foi uma promessa do futebol pernambucano. Nele, disposição física e apuro intelectual conviveram sem crises ou antagonismos. Na adolescência, jogou pelos times América do Recife e Santa Cruz. Em 1935, aos 15 anos, foi campeão juvenil pelo Santa Cruz Futebol Clube. E um dos motivos que o levou a se afastar dos gramados foi a terrível dor de cabeça que o torturou a vida inteira e à qual dedicou até um poema (“Num Monumento à Aspirina”).</p>
<p>É da lavra deste João as estrofes que traduzem ‘sensorialmente’ o estilo de jogar do craque Ademir da Guia:</p>
<p>Ademir da Guia</p>
<p>Ademir impõe com seu jogo<br />
o ritmo do chumbo (e o peso),<br />
da lesma, da câmara lenta,<br />
do homem dentro do pesadelo. </p>
<p>Ritmo líquido se infiltrando<br />
no adversário, grosso, de dentro,<br />
impondo-lhe o que ele deseja,<br />
mandando nele, apodrecendo-o </p>
<p>Ritmo morno, de andar na areia,<br />
de água doente de alagados,<br />
entorpecendo e então atando<br />
o mais irrequieto adversário.<br />
(do livro: Museu de Tudo, 1975)</p>
<p>Enciclopédia Nordeste: Biografia de João Cabral de Melo Neto - http://goo.gl/nEq87R</p>
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Autor do clássico “Morte e Vida Severina”, que virou canção de Chico Buarque, João Cabral de Melo Neto (Recife, 9 de janeiro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1999) conseguiu, durante uma fase da vida, conciliar as duas vocações, escritor e jogador de futebol.

João Cabral ocupava a posição de center-half, ou, como se diz hoje, a posição de volante, e foi uma promessa do futebol pernambucano. Nele, disposição física e apuro intelectual conviveram sem crises ou antagonismos. Na adolescência, jogou pelos times América do Recife e Santa Cruz. Em 1935, aos 15 anos, foi campeão juvenil pelo Santa Cruz Futebol Clube. E um dos motivos que o levou a se afastar dos gramados foi a terrível dor de cabeça que o torturou a vida inteira e à qual dedicou até um poema (“Num Monumento à Aspirina”).

É da lavra deste João as estrofes que traduzem ‘sensorialmente’ o estilo de jogar do craque Ademir da Guia:

Ademir da Guia

Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.

Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o

Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.
(do livro: Museu de Tudo, 1975)

Tecendo a Manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

A Educação pela Pedra

Uma educação pela pedra: por lições;
Para aprender da pedra, frequentá-la;
Captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
Ao que flui e a fluir, a ser maleada;
A de poética, sua carnadura concreta;
A de economia, seu adensar-se compacta:
Lições da pedra (de fora para dentro,
Cartilha muda), para quem soletrá-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
E se lecionasse, não ensinaria nada;
Lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
Uma pedra de nascença, entranha a alma.

Fábula de um Arquiteto

A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e tecto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.

Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até fechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.

 

fonte:onordeste portal

 

 

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