PONTO DE VISTA

Vitória apertada beneficia o Brasil

*Por Leandro Magalhães

O que me deixou satisfeito, nestas eleições, foi ver que  —  diferentemente do passado  — a população (que está mais atenta) conseguiu atrair-se por duas correntes de pensamento com bons discursos e argumentos entre elas. O que ganhamos com isso? Simples. O PT, que ficará mais quatro anos no poder, terá que fazer melhor do que fez para não perder o posto.

Terá que agradar os mais de 51 milhões de eleitores que, ou reprovaram a gestão petista ou querem ver mais ação. Terá que agradar o mercado financeiro, que sinalizou uma rejeição à atual política econômica com a queda, após as eleições, das ações das estatais e do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira. Terá que agradar uma classe média, que quer a mesma atenção dada à população mais pobre.

Caso o PT não altere a política econômica e não solucione esses e outros erros da gestão, haverá o PSDB para ameaçar e chegar ao governo junto com milhões de brasileiros que abraçaram uma outra opção no último domingo.

Alguém tem dúvida de que o PSDB, conquistando o governo, fará uma má gestão para perder o posto para o PT após 16 anos longe do Palácio do Planalto? Evidentemente, o PSDB tentará fazer mais do que o PT fez para não perder o poder. A mesma preocupação será do PT.

Saímos de uma eleição polarizada. E isso é muito bom. Isso vai exigir de quem ficará no comando do País melhorias, correção de erros e mais sintonia com os anseios da população. Essa polaridade de ideias e ameaça de perda de poder aos dois partidos têm exemplo bem-sucedido na história mundial.

Basta ver a rivalidade e a alternância entre os Democratas e Republicanos no governo norte-americano desde 1885, com a chegada do ex-presidente Grover Cleveland. Os dois partidos revezam o poder sempre com novas propostas para melhorar o que já foi feito por cada um deles. E ganha quem faz mais e melhor.

A mudança, dessa forma, é obrigada a chegar. E é assim que o País cresce. E é assim que nós ganhamos. É assim que os institutos partidários – que, na sua maioria, atualmente, só servem para receber dinheiro do governo e acomodar apadrinhados – passam a fomentar ideias, a buscar especialistas, a se preocupar em encontrar saídas para resolver problemas do País, sejam ideias copiadas ou não.

Enfim, cumprem com o papel essencial e mais valioso de um partido e de um governo: criar um projeto de país pensado e estudado com antecedência.

O avanço no eleitorado do PSDB e a perda de voto e de espaço do PT revelam que, independentemente de quem estiver no poder, terá que mostrar serviço  ao eleitor.

Essas eleições presidenciais do último domingo deixaram nossa Democracia, de apenas 29 anos, mais experiente e madura. Acendeu a luz de alerta nos governantes: uma grande parcela da população que sentiu uma melhora nos últimos anos quer mais. Ela está atenta e à espera do que vem nos próximos quatro anos.

*Professor e jornalista de política em Brasília

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