Nascido em Passo Fundo no RS, o violonista e compositor Yamandu Costa é considerado um dos maiores violonistas do Brasil. É filho da cantora Clari Marcon e do multi-instrumentista e professor de música Algacir Costa. Começou a estudar violão aos sete anos de idade com o pai, Algacir Costa, líder do grupo “Os Fronteiriços” e aprimorou-se com Lúcio Yanel, virtuoso argentino radicado no Brasil. Até os quinze anos, sua única escola musical era a música folclórica do Sul do Brasil, Argentina e Uruguai. Depois de ouvir Radamés Gnatalli começou a procurar por outros brasileiros como Baden Powell, Tom Jobim e Raphael Rabello. Aos dezessete anos apresentou-se pela primeira vez em São Paulo no Circuito Cultural Banco do Brasil, produzido pelo Estúdio Tom Brasil. Yamandu toca estilos diversos como choro, bossa nova, milonga, tango, jazz, samba e chamamé, por isso é difícil enquadrá-lo em uma corrente musical principal, dado que mistura todos os estilos e cria interpretações de rara personalidade no seu violão de sete cordas. Para o portal Panorama Mercantil o músico fala de alguns aspectos da sua bem-sucedida carreira. Yamandu, a responsabilidade de um músico aumenta quando ele é apontado por muitos como um dos maiores violonistas do Brasil? Sem dúvida, quando você vira uma referência, qualquer apresentação, por mais simples que seja, carrega muita responsabilidade. Seu pai e sua mãe tinham um grupo chamado “Os Fronteiriços”. Quais os elementos que existiam nos “Os Fronteiriços” que existe nos seus trabalhos? A concepção de música de fronteira. Me criei ouvindo esse repertório e tenho a intenção de aproximar mais as escolas brasileiras e latino-americanas. Desde pequeno você desenvolveu uma maneira particular de tocar, mas existe algo que traz ainda daqueles primeiros passos que teve com o seu pai que como já disse, era um grande violonista também? Sem dúvida, herdei a paixão e dedicação pelo trabalho. Até os 13 anos você só tocava música regional gaúcha. Lembra qual foi a primeira música de outro estado brasileiro que quando você ouviu lhe tocou profundamente? Foi o Choro. Você diz que uma das suas intenções é fazer a América Latina se conhecer mais, dizendo que o Brasil é um país muito isolado. Na sua visão, porque somos tão isolados e em muitos casos, esquecemos que fazemos parte da América Latina? Acho que isso tem a ver com os idiomas. O Brasil acaba sendo um país isolado do resto. E também por ter uma cultura tão rica e variada, já é difícil conhecer bem os gêneros e estilos diferente que coexistem dentro do nosso país. Muitos músicos de um modo geral, dizem algo bem parecido com o que você disse em 2012: a plateia japonesa é espetacular. Quais as principais diferenças do público brasileiro e do público japonês, já que em 2008 gravou o disco “Tokyo Sessions”? Normalmente, tem diferença no preparo; essas plateias se criaram ouvindo o que não conhecem. Acho que esse tipo de plateia tem uma curiosidade natural por outros estilos de música. A mídia nacional diz que você faz música instrumental, algo que não lhe agrada muito. Acredita que fazem isso por desconhecimento ou má-fé? Não acho que seja por má-fé, é só um rótulo que passou a ser usado culturalmente. Quando fala do seu disco “Continente” o faz com muito entusiasmo. O que você acredita ter conseguido nele que o faz tão especial? O Continente faz parte de uma trilogia, que começou com o CD “Lida”. Tem a mesma intenção de se referir ao meu estado de origem, o Rio Grande do Sul. O terceiro ainda está por vir… Mudando um pouco de assunto, como vê esses 4 anos de Dilma Rousseff como mandatária do nosso país? Eu gosto dela. E votarei de novo. Todo artista deve ter uma responsabilidade social? Naturalmente, já temos. Mas é uma escolha pessoal, não um dever. De onde vem a devoção pelo seu público, e o que fazer para que ele (público) seja sempre surpreendido? Pelo respeito que eu tenho a ele. Eu sempre estou elaborando novos projetos, e sempre com autenticidade e sinceridade. |